Sérgio Moro defende federalização da investigação do caso Marielle

Sérgio Moro defende federalização da investigação do caso Marielle

O ministro da Justiça, Sergio Moro, afirmou nesta quinta-feira (21) que a menção ao nome do presidente Jair Bolsonaro na investigação sobre o assassinato da vereadora Marielle Franco e seu motorista Anderson Gomes "não faz o menor sentido" e defendeu a federalização da investigação. 

"Esse é um caso que tem que ser investigado com neutralidade, dedicação e sem politização. Essa questão do envolvimento do nome do presidente nisso aí, para mim, é um total disparate. Uma coisa que não faz o menor sentido. O que se constatou foi um possível envolvimento fraudulento do nome do presidente", afirmou Moro, em entrevista à rádio CBN.

Ao defender a federalização do caso, Moro usou como argumento o depoimento do porteiro que citou suposto envolvimento de Bolsonaro na morte da vereadora. 

"Vendo esse novo episódio, em que se busca politizar a investigação indevidamente, a minha avaliação é que o melhor caminho para que possamos ter uma investigação exitosa é a federalização", declarou o ministro.

A federalização do caso foi solicitada pela ex-procuradora-geral da República Raquel Dodge. Para ela, a manutenção do inquérito com a Polícia Civil do Rio de Janeiro pode gerar novos “desvios e simulações”.

O nome do presidente foi mencionado em depoimento por um porteiro do condomínio Vivendas da Barra, onde moraram Bolsonaro e o policial militar aposentado Ronnie Lessa, acusado no crime.

O porteiro afirmou em dois depoimentos à Polícia Civil no início de outubro que foi "seu Jair" da casa 58, de Bolsonaro, quem autorizou a entrada do ex-policial militar Élcio de Queiroz, também acusado no crime, no condomínio no dia do crime. As investigações apontam que os dois réus se encontraram no condomínio antes de assassinar Marielle e Anderson.

A citação ao presidente, foi considerada equivocada na investigação, pois no dia do crime, Bolsonaro estava na Câmara, em Brasília. Além disso, perícia do Ministério Público em gravação da portaria apontou que quem autorizou a entrada de Elcio naquele dia foi Ronnie Lessa.

O funcionário do condomínio mudou sua versão e disse ter se enganado em um novo depoimento à Polícia Federal nesta terça (19).

A menção a Bolsonaro pelo porteiro levou a Promotoria a consultar o STF (Supremo Tribunal Federal) sobre a possibilidade de continuar com a investigação no Rio de Janeiro. A Procuradoria-Geral da República considerou não haver indícios contra o presidente e autorizou a sequência da apuração sobre o mandante do crime.

A primeira medida após a autorização da PGR foi recolher computador da administração do condomínio para analisar se houve alguma alteração no sistema de gravação de chamadas entre a portaria e as residências do local. 

A gravação usada pelo Ministério Público para contradizer o porteiro faz parte de um CD entregue pelo próprio condomínio em outubro.

O presidente atribuiu o depoimento do porteiro a uma influência do governador do Rio de Janeiro, Wilson Witzel (PSC), na condução do inquérito. Eleito após colar sua imagem à de Bolsonaro, o chefe do Executivo fluminense viu a família presidencial romper com a aliança há dois meses.

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