Candidatas estudam 18,5 kg de livros didáticos para fazer o Exame da OAB

Prova da primeira fase será realizada neste domingo a partir das 13h

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Quem vai prestar a prova da Ordem dos Advogados do Brasil (OAB) sabe que precisa estudar muito. São cobradas 17 disciplinas obrigatórias em 80 questões na prova da primeira fase, que será neste domingo (28), a partir das 13h, com mais de 124 mil inscritos. Pelo menos 31 livros são utilizados pelos bacharéis em direito que estudam para esta primeira do exame. Mas, afinal, qual é o tamanho de todo este material didático?

Para quantificar o volume dessa dedicação, reunimos a pilha de livros indicados como material de estudo por três candidatas que farão a prova. A balança apontou 18,5 quilos. São livros sobre direito constitucional, direito civil, direito tributário, direito penal, Estatuto da Criança e do Adolescente e filosofia do direito (novidade este ano), entre outros. E olha que o material bibliográfico colocado sobre a balança não incluiu material de apoio, como dicionários e códigos de direito.

Só o "Vade Mecum" (expressão em latim que significa "vem comigo") , título que reúne a constituição, os códigos e as leis gerais, considerado a bíblia dos estudantes, tem mais de 2.000 páginas e pesa mais de três quilos. Entre os 31 livros, está uma coleção de 17 títulos - um de cada disciplina obrigatória cobrada na prova que este ano ainda ganhou o reforço de filosofia do direito.

Assim como faziam na educação básica, as estudantes contam que costumam revezar os livros que levam para o curso preparatório no Damásio Educacional, em São Paulo, seguindo o cronograma de aulas, exceto o "Vade Mecum". Este, cada uma carrega um exemplar o tempo todo. Elas também têm a opção de guardar as obras no armário da escola. Em casa, o jeito foi instalar prateleiras e improvisar minibibliotecas.

"A gente pega afeição pelo "Vade". No meu eu sei exatamente onde estão os grifos, anotações e post-its. Ando sempre com ele, inclusive no metrô, por isso preciso vir para o cursinho de mochila", diz Isabella Crivelli, de 24 anos. Em casa, ela criou seu acervo.

Isabella vai prestar o exame pela quarta vez, em uma delas passou para a segunda fase. A jovem pretende trabalhar com direito empresarial. A aprovação no exame é requisito obrigatório para que o bacharel em direito possa ingressar nos quadros da advocacia. No último exame, apenas 10,3% dos candidatos que fizeram as provas foram aprovados.

Para Isabella, os dias que antecedem o exame são tensos, muito mais do que na época do vestibular. "Já passamos pelo nervosismo do vestibular, mas agora é bem pior. Há uma cobrança bem maior, mas feita por nós mesmos."

Thaise Oliveira Pimentel, de 24 anos, contou pelo menos 38 livros na biblioteca de casa. Para ela, vale a pena adquirir as obras já que podem ser importantes fontes de consulta no exercício da profissão ou para prestar concurso público, caminho que pretende seguir. O investimento é de no mínimo R$ 500. "Os livros são muito completos e podem tirar dúvidas para quem estuda para concurso", diz.

Thaise que dar aulas e trabalhar como delegada de polícia. É a sétima vez que se inscreveu no exame. A última edição em dezembro do ano passado, não pode fazer porque sofreu um acidente de carro dois dias antes da prova e estava internada na UTI. "Lembrei que tinha a prova, mas não tive liberação médica para fazer. Mas o conhecimento nunca é perdido, vai se acumulando. Agora acho que vai dar."

Perdeu as contas

Regina Hiroko Inoue, de 45 anos, diz que o livros que usa para estudar para o Exame de Ordem são bem específicos. Se tivesse de juntar os utilizou durante a graduação, segundo ela, seriam mais de 200. "Tenho uma vasta biblioteca."

Regina já perdeu as contas de quantas vezes prestou o exame. Ela se formou em direito em 2006, mas já era graduada em administração.

Com a carteira da OAB pretende advogar na área de direito penal. "Espero que dessa vez consiga passar, sem a carteira ficamos num "limbo profissional" porque não podemos estagiar nem trabalhar com advogadas, de fato."

Expectativa

O diretor pedagógico dos cursos da OAB do Colégio Damásio, Darlan Barroso, afirma que aquisição de livros é muito pessoal e depende do nível do candidato. "Tem aluno que o problema é falta de treino, não de conteúdo. Há "pegadinhas" na prova."

Para o professor, depois da reprovação recorde do último exame (quase 90%), a prova deste domingo não deve ser tranquila. "Deve ficar entre média a difícil. Nesta edição ainda teremos filosofia, ninguém tem ideia do que pode cair, diferente das outras disciplinas que já segue uma linha e sabemos que é uma prova legalista, mais conteudista."

Barroso concorda com a existência da prova, apesar de fazer críticas ao método. Ele diz que o controle de qualidade é fundamental, tendo em vista a natureza da atividade e o potencial lesivo da advocacia.

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