O bacharel que foi pego colando no exame da Ordem dos Advogados do Brasil, aplicado de forma unificada em todo o país no último domingo (28), tinha as respostas da prova anotadas a lápis nas páginas do Código Penal, que podia ser consultado durante a prova. A fraude aconteceu na cidade de Osasco (SP).
Na terça-feira (2), o Conselho Federal decidiu suspender a correção das provas para que o caso seja apurado. No próximo domingo, o órgão se reúne para decidir se é o caso de cancelar o exame. “Se a fraude tiver sido localizada em São Paulo, muito provavelmente a prova será invalidade somente em São Paulo”, afirmou ao G1 Edson Cosac Bortalai, presidente da Comissão de Estágio e Exame de Ordem de SP. Segundo Bortalai, o candidato alegou que pegou o código emprestado numa biblioteca e só se deu conta que as respostas estavam anotadas no momento da aplicação da prova.
“Ele nem chegou a colar. O fiscal percebeu logo no início e ele foi retirado da sala.” O bacharel vai responder a processo crime e Bortalai disse que, mesmo que seja aprovado em outro ano, dificilmente irá conseguir a carteira da OAB por falta de idoneidade. Respostas datilografadas O presidente da Comissão da OAB-SP relatou ainda que houve outro episódio de suspeita de fraude em Osasco.
O tempo mínimo de prova, com duração máxima de cinco horas, é de duas horas e meia –antes desse horário o candidato não pode deixar a sala. No entanto, uma hora e 45 minutos após o início da prova, uma folha de papel com as respostas datilografadas, cheias de erros de português, segundo Bortalai, foi entregue para a imprensa local de Osasco.
“Pode ter acontecido de um candidato, que estivesse sentado perto de uma janela, ter escrito as questões numa folha de papel e jogado para um cupincha do lado de fora. Mas não me preocupei com isso, porque não havia sido antes do exame, mas durante. Muitos cursinhos mandam professores fazer a prova para ter a correção antes.”
A prova prático-profissional, que inclui redação de peça jurídica e de cinco questões práticas, além de Direito Penal, também inclui provas nas áreas de Direito Administrativo, Direito Civil, Direito Constitucional, Direito do Trabalho, Direito Empresarial e Direito Tributário.
Uma sindicância interna deve ser aberta pelo Centro de Seleção e Promoção de Eventos da Universidade de Brasília (Cespe/UnB), que imprime os cadernos de prova e faz a logística da distribuição e aplicação das provas no país. No total, 1.029 bacharéis se inscreveram em Osasco para fazer o Exame de Ordem. Desses, 1.004 fizeram o exame, mas somente 152 foram aprovados para a segunda fase em Osasco.