O concurso nacional unificado com 6.590 vagas poderá contar com ação do Ministério da Justiça, das Polícias Federal e Rodoviária Federal, das secretarias estaduais de segurança e, até mesmo, das Forças Armadas na atuação contra fraudes no chamado Enem dos concursos públicos. A iniciativa está em debate na comissão que trata da seleção a maior do tipo já realizada no país e deve ser encaminhada aos setores de segurança para garantir que não haja vazamento das provas.
"Em se tratando de algo que tem bastante risco de fraude, a gente já está diálogo com a Secretaria Nacional de Segurança Pública do Ministério da Justiça", diz Cristina Mori, secretária-executiva do MGI (Ministério da Gestão e da Inovação em Serviços Públicos) em entrevista exclusiva à Folha de S.Paulo.
Segundo ela, secretarias de segurança de estados, Polícia Rodoviária Federal, Polícia Federal e, até mesmo, Ministério da Defesa podem ser acionados para atuar em regiões mais remotas e "a gente conseguir ter bastante segurança de que as provas não vazem", afirma. Para Cristina, a escolha da banca foi essencial para dar andamento ao concurso e garantir o cumprimento dos prazos pré-determinados.
"A banca é super-importante para a gente poder começar a discutir com ela o edital. Agora, a banca, junto com a comissão, vai estabelecer quais vão ser os critérios", afirma.
Outra preocupação é com as fake news. Para isso, duas ações serão feitas. A primeira delas foi criar o site do concurso, onde serão publicadas todas as informações sobre a seleção. A segunda será uma ação da Secretaria de Comunicação do Governo Lula no combate a informações falsas.
"Não vai ter informação por WhatsApp, tudo o que for referente ao concurso estará no site oficial", afirma.
O cronograma deve ser mantido. "A gente tem uma previsão de cronograma de prova, que depende de que todas as outras etapas aconteçam no prazo correto, que é aplicar prova é março do ano que vem, divulgar resultado até maio e, entre julho e agosto, dar os cursos, iniciando [as contratações finais] em agosto do ano que vem."
ESCOLHA DA BANCA
A licitação para a escolha da banca foi dispensada. O motivo é que, quando se opta apenas pelo menor valor em processos do tipo, pode-se não conseguir uma empresa tão especializada quanto o necessário. Segundo Cristina, foram recebidas inscrições de 12 empresas interessadas, cinco manifestaram interesse e quatro foram para a outra fase.
Das quatro, três apresentaram propostas: Cesgranrio, Cespe e FGV, que ficaram entre as finalistas por já terem experiência em processos do tipo. De acordo com a secretária-executiva, todas eram altamente qualificadas, mas no final venceu o menor preço. "Como está acostumada, [a Cesgranrio] foi escolhida pela vasta experiência que tem, mas as três tinham capacidade e aí a gente foi olhar o preço. Foi escolhido o preço mais sedutor."
COMO SERÁ O CONCURSO NACIONAL UNIFICADO
Embora a banca já tenha sido escolhida, detalhes como valor da inscrição e conteúdo ainda não estão definidos e sairão no edital. No entanto, Cristina afirma que quem já vem se preparando para concursos e estudando conteúdos ligados a serviço público aproveitará certamente o que aprendeu.
Serão realizadas duas provas, uma geral e uma específica. A de conhecimentos gerais ocorrerá pela manhã e a específica, à tarde. A ideia é que os candidatos possam escolher mais de uma carreira no serviço pública, mas elas não podem ser diferente entre si e talvez a opção poderá ser em bloco.
As provas serão aplicadas em 180 municípios, o que inclui todas as capitais. Cristina diz que é o concurso de maior capilaridade nacional para que ninguém deixe de concorrer ou ser contratado por falta de oportunidade logística. O concurso terá cotas de 5% para negros e indígenas, com exceção das vagas para a Funai (Fundação Nacional do Índio), que vai destinar 30% das vagas a indígenas.
CONFIRA O CALENDÁRIO DO CONCURSO NACIONAL UNIFICADO
Até 22 de novembro - contratação da banca
20 de dezembro - divulgação do edital
Fevereiro ou março de 2024 - aplicação das provas
Até maio de 2024 - resultado final da etapa unificada
Até julho de 2024 - curso de formação, quando houver
Até agosto de 2024 - posse dos aprovados
(Com informações da FolhaPress - Cristiane Gercina)