As cidades do interior do Brasil escondem uma preciosidade que muitos candidatos a uma vaga no servi?o p?blico ainda n?o descobriram. ? poss?vel viver longe da viol?ncia e do tr?nsito dif?cil das capitais e grandes regi?es metropolitanas ganhando quase R$ 6 mil. Basta dar uma espiada nos editais das prefeituras no interior. A maioria das ofertas com remunera??o alta ? para cargos de n?vel superior na ?rea da sa?de, mas h? postos para n?vel t?cnico com contracheque de at? R$ 2 mil. Na mais recente Pesquisa Nacional por Amostra de Domic?lios (Pnad), o IBGE constatou que o valor m?dio do rendimento dos trabalhadores brasileiros ? de R$ 888, em 2006. Nesse ano, metade das fam?lias brasileiras tinha renda per capita inferior a R$ 350, valor do sal?rio m?nimo na ?poca.
Da? por que os concursos municipais s?o de causar inveja a muita gente. O casal Fabiano e Alice Comarella de Souza planeja a vida no interior. Eles vivem em Imperatriz. Segunda maior cidade do Maranh?o, o munic?pio conta com 230 mil habitantes. Fica atr?s apenas da capital S?o Lu?s. Os dois s?o profissionais da ?rea de enfermagem, Fabiano j? trabalha e Alice se forma no meio do ano que vem. Ambos se inscreveram no concurso para enfermeiro em Dom Eliseu, cidade de apenas 51 mil habitantes no interior do Par?. O sal?rio ? de R$ 1,3 mil.
?Pode n?o ser muito, mas d? para nos sustentar com tranq?ilidade. E ainda pretendemos juntar dinheiro para planos futuros?, sonha Alice. Os pais de Fabiano moram em Dom Eliseu, mas esse foi apenas um dos fatores que pesou na decis?o. ?A estabilidade de um cargo concursado ? importante. E a qualidade de vida ? bem melhor do que na cidade grande?, compara Fabiano. Alice concorda. ?Cidade menor ? mais aconchegante, tem menos viol?ncia.?
Segundo Bruno Klotz, coordenador de projetos do Instituto Zambini ? que realiza concursos no interior de S?o Paulo ?, as boas vagas dependem mais da renda do munic?pio e do seu foco pol?tico. ?As pequenas cidades que abrigam alguma grande ind?stria t?m mais renda e costumam oferecer melhores sal?rios. E as caracter?sticas do governo v?o determinar que ?reas ser?o mais beneficiadas?, explica. Como hoje existe car?ncia de m?dicos praticamente em todo o interior do pa?s, observa Klotz, ? comum que as prefeituras tenham a sa?de como prioridade.
Entre os concurseiros, as sele?es p?blicas da esfera municipal geralmente s?o discriminadas devido ? fama de pagarem mal. Mas n?o ? bem assim. O custo de vida numa cidade do interior ? bem menor do que nas capitais. Os gastos com gasolina, por exemplo, que geralmente s?o significativos em Bras?lia, podem ser at? ser esquecidos. As dist?ncias s?o menores, d? para ir a p? ou de ?nibus, que costumam sempre passar no hor?rio e com bancos vagos. As compras no mercado e o aluguel tamb?m s?o bem mais em conta. Nesta edi??o, o Correio selecionou 22 munic?pios onde h? concursos que oferecem sal?rios de at? R$ 5,7 mil. E o melhor: as inscri?es est?o abertas e podem ser feitas pela internet.
Arrume as malas
Se voc? ocupa cargo p?blico, n?o encare como o fim do mundo a transfer?ncia para uma cidade do interior. O brasiliense Alexandre Muniz ? formado em contabilidade e teve sua fase de concurseiro. Quando come?ou a estudar, seu ?nico crit?rio era a faixa salarial das vagas oferecidas. Foi aprovado para analista do Tribunal Regional do Trabalho depois de oito meses de estudos, e foi chamado para assumir o cargo em Jata?, interior de Tocantins. ?Na ?poca, n?o tive d?vidas. Botei tudo em cima da caminhonete e me mandei?, lembra Alexandre.
N?o houve arrependimento. O sal?rio de mais de R$ 5 mil, que j? seria bom em qualquer capital do pa?s, vale muito mais no interior, onde o custo de vida ? menor. O aluguel da quitinete sai por R$ 250. No m?nimo, metade do valor cobrado em ?reas de Bras?lia como o Plano Piloto e o Sudoeste. Despesas com gasolina? Que nada! Ele usa a bicicleta para andar pela cidade. ?E os gastos no mercado s?o pelo menos 15% menores do que em