Empresas diminuem exigências para ampliar novas contratações no Brasil

Estratégia visa driblar a escassez de profissionais de diversas áreas; Brasil ainda é o 2º país com maior dificuldade de contratar, segundo pesquisa

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Empresas brasileiras estão diminuindo suas exigências para a contratação de profissionais como forma de driblar a escassez de talentos, segundo um levantamento da consultoria internacional Manpower Group.

Segundo a pesquisa, publicada anualmente, 68% dos empregadores do Brasil dizem ter dificuldades para contratar profissionais de áreas mais e menos qualificadas - de operários a diretores financeiros.

O número representa uma pequena queda em relação a 2012, quando 71% diziam ter dificuldades. Mesmo assim, o Brasil continua em segundo lugar entre os 42 países analisados e todo o mundo - atrás apenas do Japão, onde 85% dos patrões sofrem mais para contratar. A média global de dificuldade é 35%.

"Na Ásia, o principal problema é que eles não encontram pessoas para preencher as vagas. No Brasil há pessoas, mas elas não tem a qualificação adequada. E as empresas já perceberam não vão encontrar esses profissionais mais qualificados."

Segundo Marcia Almström, diretora de recursos humanos da consultoria no Brasil, a diminuição do percentual no Brasil é resultado de estratégias as empresas para lidar com a escassez de talentos, que incluem diminuir as exigências para que os candidatos preencham as vagas.

"Ao invés de esperar por um profissional 100% pronto, as empresas estão contratando os menos prontos e absorvendo a responsabilidade de capacitar essas pessoas", disse à BBC Brasil.

Na pesquisa de 2013, um número menor de empresários citou a falta de talentos específicos e de candidatos como as principais razões de não conseguir preencher vagas. O estudo entrevistou cerca de 40 mil empregadores em todo o mundo, 750 somente no Brasil.

Mudanças

Os engenheiros, caíram da terceira para a sexta posição do ranking, mas de acordo com Almström, a maior facilidade para contratar profissionais de engenharia ainda não é efeito da abertura de novos cursos universitários e centros de inovação no país.

"Ainda existe a necessidade de formar engenheiros e só vamos colher frutos efetivos das ações de educação e formação entre três e cinco anos", afirma.

"O que acontece hoje é que temos mais engenheiros atuando na área de engenharia. Havia muitos engenheiros em bancos e na indústria de telecom, por exemplo. A procura das empresas e o aumento dos salários acabou trazendo mais engenheiros para os cargos."

A mobilização dos engenheiros, de acordo com a especialista, beneficiou especialmente as áreas de construção civil, engenharia de petróleo e outras relacionadas a infraestrutura.

O terceiro lugar na lista de profissionais difíceis de contratar em 2013 foi ocupado pelos contadores e outros profissionais de finanças. Mas nesse caso, a dificuldade de contratar funcionários está relacionada ao aumento da exigência das empresas.

"A gestão das empresas ficou mais complexa. Elas têm que conseguir resultados num mercado que não está reagindo bem, especialmente no Brasil, com um crescimento que foi anunciado e não se concretizou. Por isso elas estão procurando profissionais de finanças mais experientes, especialmente CFOs e diretores financeiros", diz Almström.

Os profissionais de finanças, no entanto, são os únicos altamente qualificados a figurar entre as primeiras cinco posições da lista. O levantamento põe em evidência mais uma vez a falta de profissionais com nível técnico â"? que ocupam o primeiro lugar â"? e também de operários e trabalhadores manuais. A escassez permeia todas as áreas técnicas, de automação a edificações, de eletrônica a alimentos e bebidas.

O "apagão de mão de obra" em setores de baixa e média qualificação no mercado brasileiro já havia sido apontado por estudos do Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada (Ipea), ligado ao governo.

De acordo com a especialista, muitos destes funcionários buscam oportunidades de atuar em funções mais qualificadas â"? fenômeno que também motivou a criação da nova estratégia por parte dos empregadores.

"As empresas estão tentando dar cada vez mais oportunidades de carreira e de formação para tornar os postos mais atraentes para os operários e não perdê-los para o mercado. Oferecendo oportunidades de carreira também se abrem janelas na etapa mais básica da produção (à medida que os operários são promovidos), mas a empresa controla melhor a rotatividade de profissionais", disse Marcia Almström.

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