Os estágios são mais prósperos no fim de ano. A época é, historicamente, de mais vagas e menos candidatos disponíveis, de acordo com as agências recrutadoras de estudantes que buscam ingressar no mercado de trabalho. Em Maringá, no norte do Paraná, há cerca de 230 vagas abertas atualmente.
O principal problema para encontrar estudantes dispostos a trabalhar neste período são as férias nas universidades. De acordo com a psicológa Caroline Ribeiro Martins, responsável pelo recrutamento, seleção e desenvolvimento de estágios no Instituto Euvaldo Lodi (IEL) de Maringá, muitos jovens moram em outras cidades e acabam abdicando de trabalhar para visitar parentes e descansar das aulas.
"Por outro lado, existem mais oportunidades. Quem aproveita esse tempo para crescer profissionalmente, procurar um estágio que seja importante para a carreira, acaba colhendo os frutos mais para frente. O mercado de trabalho é difícil. É preciso esforço, dedicação, vontade de aprender", diz a psicóloga.
Ela ressalta que a geração de jovens atual têm características específicas, bem diferentes das encontradas há pouco tempo. "É a chamada Geração Y, de pessoas que têm, mais ou menos, entre 19 e 28 anos. Essas pessoas estão imersas no mundo de tecnologia, onde se faz mil coisas ao mesmo tempo. São profissionais que precisam ser trabalhados, porque tendem a ser mais independentes e, às vezes, têm dificuldade para se concentrar. O potencial que essa geração tem, porém, é enorme", afirma Caroline.
A especialista destaca que os gestores devem ter paciência com os novos profissionais, para que eles possam se desenvolver, gradualmente. "Os dois lados [estagiário e gestor] devem procurar se entender e ter consciência de que fazem parte de gerações diferentes, com personalidade totalmente distintas. O gestor tem de dar voz ao estagiário, criar oportunidades para que ele mostre o seu potencial e para que ele se sinta bem no ambiente de trabalho".
Estudantes se sacrificam para aproveitar o estágio
Rodrigo Moro Gerônimo, de 19 anos, deixou a casa dos pais em São Pedro do Ivaí, no noroeste do Paraná, há dois anos, para buscar oportunidades em Maringá. No começo da rotina na cidade nova, trabalhou de "peão" na madeireira do tio.
"Eu via o pessoal da cidade pequena trabalhando e falava pra mim mesmo: "Não quero isso para minha vida. Preciso mudar meu destino". Foi aí que decidi ir para Maringá. Na madeireira do meu tio, o que tinha de serviço, eu fazia. Era peão mesmo. Pouco depois, decidi estudar Eletrotécnica", conta Gerônimo.
Logo que começou o curso de ensino técnico, o estudante passou a procurar vagas de estágio na área. "Fiquei sabendo de uma oportunidade em uma empresa de alimentos e fui ver o que era. Nunca trabalhei na área, mal sabia o que era, mas fui de cabeça. Enfrentei uma seleção difícil. Fui o único a ir de moto. No dia, estava chovendo. Cheguei todo sujo mas, no fim, deu tudo certo e fui contratado", comemora o estagiário. "Aprendi muito mais do que eu imaginava. Mesmo começando, já dá para dizer que mudei minha história. Pelo menos, já posso dizer que tentei".
A estudante de Secretariado Executivo Trilíngue Thatyê Franco, 22 anos, diz estar cuidando dos papéis necessários para começar o estágio. Ela foi contratada na segunda-feira (11) para estagiar no Serviço Brasileiro de Apoio às Micro e Pequenas Empresas (Sebrae).
"É uma oportunidade muito boa para mim. Estava concorrendo a uma vaga de emprego efetivo, mas preferi estagiar, para aprender mais e crescer na área que eu pretendo seguir. É claro que eu queria descansar mais nas férias, viajar, mas, agora, é importante que eu assuma esse compromisso. Felizmente, eu consegui", celebra.
Serviço
As vagas de estágio em Maringá podem ser consultadas nos sites das agências de recrutamento do município: IEL, Abre, CIEE e Proe.