Há quem pense que vida de concurseiro se resume a estudos e nada mais. Só que, mesmo deixando o trabalho - como muitos fazem - para se dedicar exclusivamente a vida de cursinhos preparatórios e muitas leituras, algo que muita gente opta em fazer - também faz parte da vida de um bom concurseiro ter contas no final do mês para pagar. Aliás, preocupação muito maior do que quem tem um trabalho no final do mês e conta com o salário para pagar os compromissos.
Que o diga a concurseira Ana Carla Oliveira, 22 anos, que apenas arca com os custos da mensalidade do cursinho, mas precisa da ajuda dos pais para comprar livros, apostilas e cópias de outros materiais de apoio. Some-se ainda dinheiro de transporte e os gastos com salão de beleza, roupas e sapatos. "Sou concurseira, abnegada, me dedico e muito aos estudos, mas ainda estou viva", brincou.
Ana Carla revela que há meses que a conta não fecha de modo algum, tendo que abrir mão de alguma coisa que gosta e até mesmo necessária para ao menos conseguir estar em dia com as mensalidades do cursinho. Ela sabe que, em tempos de se dedicar à vida de concurseira, deve-se abrir de mão algumas frivolidades, o que na opinião de Ana, só torna a vida de um concurseiro ainda mais penosa. "Pensam que a gente só tem que estudar como obrigação, mal sabem que tudo o que queremos é ser aprovado, trabalhar, ganhar o nosso salário e sair do sufoco".
O concurseiro paulista Elton Lima, morador da Vila Guilherme em São Paulo, conta que nada dá mais aflição para um concurseiro do que a angústia de não ter dinheiro e ainda a incerteza de uma aprovação. "Pensemos que, se tudo der errado, teremos que arrumar logo um emprego para pagar as contas. Só mesmo filho de pais abastados podem se dar ao luxo de passar anos em cursinhos e não se preocupar com as contas".
A dica do professor João Ricardo Marques é que o concurseiro deve, sempre "na ponta do lápis", saber com o que se deve gastar, evitando despesas desnecessárias e deixando a cabeça livre de tais preocupações, criando as condições mentais favoráveis para somente estudar. "O concurseiro consciente tem que entender que esta fase de estudo é apenas por um momento, valendo à pena abrir mão de certas coisas agora para lá na frente ter um futuro economicamente mais tranqüilo", aconselhou.