Um trabalho publicado em maio de 2020 foi decisivo para que a ciência entendesse melhor a dinâmica de transmissão do coronavírus.
Os especialistas do condado de Skagit, em Washington, nos Estados Unidos, relataram o caso dos cidadãos que participavam de um coral, que se reunia periodicamente para praticar o canto.
No dia 17 de março de 2020, 61 integrantes do grupo se reuniram para um ensaio numa sala fechada. Detalhe importante: uma pessoa estava infectada com o coronavírus.
O resultado disso foi que, alguns dias depois, 52 tinham suspeita ou covid-19 confirmada, o que representa 87% de todos os presentes.
"A partir dali, nós começamos a prestar mais atenção aos clusters de superespalhamento do coronavírus, que geralmente acontecem em locais fechados e pouco ventilados", diz Mori.
E isso faz todo o sentido quando lembramos que o vírus é transmitido através dos aerossóis, que saem da boca e do nariz quando espirramos, tossimos e falamos (ou cantamos, no caso do coral).
Como você viu no primeiro tópico, essas gotículas ficam vagando pelo ambiente, especialmente quando não há circulação de ar. Se o local conta com uma brisa ou um sistema eficiente de troca do ar, os aerossóis infectados acabam "diluídos" e descartados antes de serem inalados por outras pessoas.
Foi através deste trabalho americano e de outras investigações publicadas na sequência que foi possível entender a importância de manter as janelas abertas e o ambiente arejado — ou, de preferência, realizar atividades ao ar livre.
"Para mim, a falta de ênfase sobre a importância dos locais abertos e da ventilação foi o maior erro que tivemos na condução da pandemia", avalia Mori.