Com a explosão de mortes causada pela covid-19 na segunda onda, o Amazonas superou em mortalidade pela doença os números de todos os países com mais de 100 mil habitantes no mundo. Impulsionado por uma nova variante e pela falta de estrutura para tratar pacientes, o estado já contabiliza 9.753 mortes por covid-19, ou um índice de 235 óbitos por 100 mil habitantes. Somente neste ano já morreram 4.468 pessoas por essa causa.
Segundo o painel mundial de casos, o país com maior mortalidade é a Bélgica, que até ontem registrou 21.551 mortes, ou taxa de 185 por 100 mil moradores. Taxa de mortalidade por 100 mil habitantes Amazonas: 235 Bélgica: 185 Eslovênia: 177 Reino Unido: 171 A mortalidade brasileira hoje é de 113 para cada 100 mil habitantes, o que coloca o país entre os 30 com mais mortes em relação à população.
Na lista nacional, o Rio de Janeiro aparece na segunda posição entre os estados, com mortalidade até aqui de 181 por 100 mil habitantes, seguido por Roraima, com 159 a cada 100 mil pessoas.
Colapso
A arrancada de mortes no Amazonas por covid-19 neste ano foi impulsionada, em parte, pelo colapso na rede de saúde. Desde o dia 6 de janeiro, o estado passou a não conseguir internar todos pacientes, o que gerou uma fila de espera para os hospitais. Sem vagas, 542 pacientes já foram transferidos a outros estados para tratamento.
A situação foi agravada, em janeiro, pela falta de oxigênio em hospitais. Na madrugada e manhã do dia 14 de janeiro, o insumo faltou em quase todos os hospitais públicos. Somente naquele dia, segundo a Secretaria de Estado da Saúde, morreram 159 pessoas por covid-19, um recorde durante a pandemia. Hoje, diz o governo, o fornecimento está normalizado. Em janeiro, o UOL visitou Manaus e relatou uma série de problemas no atendimento em hospitais, como a falta de vagas e fechamento de emergências para atendimento público. Muitas pessoas morreram em suas casas. Segundo dados dos cartórios, 646 óbitos em domicílio foram registrados só em janeiro.
O colapso em Manaus também afetou pacientes do interior que precisavam de UTIs (Unidades de Terapia Intensiva), que não conseguem ser transferidos e, em quadro grave, morrem sem assistência médica especializada. Segundo especialistas, parte do problema pode ser explicado pela nova variante que teve origem no estado, a P.1, que apresenta mutações capazes de tornar o novo coronavírus mais transmissível. Cientistas querem saber se essa nova versão é capaz de furar a imunidade adquirida por pessoas que tiveram a doença e se as vacinas dadas no país são eficientes contra elas. Para isso, estudos estão sendo feitos.
Médicos também têm relatado que os casos estão mais graves e avançando de forma mais rápida entre pacientes da doença, o que pode também influenciar no número de casos e mortes no mês.