O Brasil deve adotar a terceira dose da vacina contra a Covid-19 para públicos específicos. A medida ainda está em análise e se baseia em estudos científicos e na estratégia adotada em outros países como os Estados Unidos.
Nesta segunda-feira (16), a secretária de enfrentamento à Covid-19, do Ministério da Saúde, Rosana Melo, avaliou que a experiência norte-americana de aplicar mais uma dose - motivada pelo avanço da variante Delta do vírus e pelo relaxamento de medidas sanitárias, deverá ser acompanhada pelo Brasil.
“Temos alguns estudos preliminares, porém esses estudos não foram publicados. São discussões internas, nem podemos publicizar tanto, em respeito aos pesquisadores, porém já estamos tomando decisões em nível de gestão, o que fazer, o que planejar, quantificar esses grupos que precisem, a exemplo do que aconteceu na semana passada nos Estados Unidos”, adiantou a secretária, durante a reunião da Comissão Temporária da Covid-19 do Senado.
Na ocasião, Rosana Melo destacou que caso a estratégia seja adotada no Brasil, os grupos prioritários não devem ser diferentes dos priorizados nos Estados Unidos. Lá, pessoas com sistema imunológico mais frágil como transplantados, portadores do vírus HIV e de pacientes com câncer vão receber a terceira dose, devido à vulnerabilidade.
Idosos
Também durante a audiência pública a pesquisadora da Escola de Saúde Pública Sérgio Arouca, Margareth Dalcomo, reconheceu que alguns grupos, como idosos que tomaram a CoronaVac, pessoas com deficiência e profissionais de saúde, podem precisar do reforço. Apesar disso, Dalcomo destacou que ainda não há estudos com robustez suficiente sobre a terceira dose.
“Tínhamos parado de hospitalizar pacientes idosos e voltamos a hospitalizar. A grande maioria foi vacinada com CoronaVac”, disse Margareth. A pesquisadora acrescentou que no monitoramento foi identificada a prevalência da variante Delta no Rio de Janeiro, com o aumento de internações nos últimos 10 dias.
Cautela
Já a diretora da Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa), Meiruze de Sousa Freitas, defendeu que a decisão sobre a aplicação de uma dose extra da vacina contra a covid-19 seja tomada com cautela. Segundo ela, para casos de reforço, a maioria dos países têm recomendado doses da mesma vacina já tomada, mas em algumas situações a intercambialidade é permitida.
Ao fazer uma exposição sobre como anda a discussão da terceira dose em outros países, Meiruze explicou que há debates no Reino Unido, França e Alemanha, que devem seguir a experiência de Israel que já adotou a medida. No Chile, para a população mais velha imunizada com a CoronaVac a recomendação é de aplicação de uma nova dose. “Notificamos a Pfizer na [última] terça-feira e agendamos reuniões para esta semana para discutir dados apresentados”, disse. Nos Estados Unidos, a terceira dose foi autorizada para vacinas que usam RNA mensageiro, como a Pfizer e a Moderna.
Com informações da Agência Brasil