O diretor do Instituto Butantan, Dimas Covas, afirmou nesta quinta-feira (28) que pode negociar diretamente com estados e municípios do Brasil o lote extra de 54 milhões de doses da CoronaVac oferecidos ao Ministério da Saúde. O governo federal ainda não fez uma solicitação formal das doses e outros países também já manifestaram interesse.
Nesta quarta (27), Dimas Covas chegou a dizer que o lote poderia ser exportado para países que já manifestaram interesse na compra.
O contrato para a inclusão da vacina no Plano Nacional de Imunização (PNI) prevê a compra de 46 milhões de doses da CoronaVac, com entrega até 30 de abril, mas há possibilidade de solicitação de outros 54 milhões, totalizando 100 milhões. A vacina contra a Covid-19 é produzida em parceria pelo Butantan e pela farmacêutica chinesa Sinovac.
"Temos esse compromisso inicial com o Ministério [da Saúde] de oferta de 54 milhões [de doses de CoronaVac]. Mas nós temos uma solicitação muito grande, não só dos países da América Latina, como também de estados e municípios. Então precisamos de fato fazer esse planejamento", disse Dimas Covas.
"O Butantan tem assinado cartas de intenção com a grande maioria dos estados e com muitos municípios", continuou.
Pelo contrato, o Ministério da Saúde pode manifestar o interesse pelo segundo lote até 30 dias após a entrega de todas as doses do primeiro.
Em nota na noite de quarta-feira (27), o Ministério da Saúde declarou que irá se pronunciar no prazo oficial do contrato. "O Contratante [Ministério da Saúde] possui até o dia 30 de maio para manifestar sua opção de compra das 54 milhões de doses adicionais. Deve-se nesse momento priorizar o cumprimento do objeto contratado", afirmou.
Pressão
Questionado se o Butantan está pressionando o governo federal, já que o Ministério da Saúde pode se manifestar até 30 de maio, conforme o contrato, Dimas Covas argumentou que, além da alta demanda pela vacina é preciso um planejamento para garantir insumos.
"É necessário que o ministério [da Saúde] se pronuncie porque estamos no fim de janeiro, e esta produção estaria prevista para o início de abril, portanto não haverá tempo para negociarmos com a nossa parceira em relação à matéria-prima se não houver essa manifestação", disse o diretor do Instituto Butantan.
"É apenas essa a questão. Não estamos pressionando de forma alguma, lembrando que essa é uma vacina mundial, não é só para o Brasil. É uma vacina para o mundo inteiro. Ela já está sendo usada em vários países, começa a ser usada ainda mais intensamente nesta semana no Chile, e então a demanda está muito aquecida e precisamos nos preparar", completou.
Até o momento, foram entregues pelo Butantan 6 milhões de doses que chegaram prontas da China e uma parte de 4,1 milhões que foram envasadas no Brasil e liberadas após um segundo pedido de uso emergencial feito à Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa).
Para que as doses adicionais sejam envasadas, ainda é necessária a chegada de matéria-prima vinda da China – autoridades estimam que isso deve acontecer até a 3 de fevereiro.