Cientistas e treinadores de cães de diversas partes do mundo estão pesquisando a possibilidade de cachorros detectarem infecções pelo Sars-CoV-2, o coronavírus responsável pela covid-19, inclusive em pessoas sem sintomas. Cães farejadores já são usados para detectar outros tipos de doença, como câncer e hipoglicemia.
Esse tipo de teste é possível porque os cães possuem mais de 300 milhões de receptores de cheiro. Em comparação, os humanos possuem cerca de 5 milhões.
Os animais são capazes de detectar com alto grau de precisão compostos liberados pelo corpo humano. Poderiam, por exemplo, aprender como secreções como suor e saliva reagem ao coronavírus.
Em julho do ano passado, cientistas da Universidade de Medicina Veterinária de Hannover descobriram que cães farejadores treinados poderiam ser usados para detectar covid-19 em amostras humanas com uma taxa de precisão relativamente alta.
Oito cães farejadores da Bundeswehr (Forças Armadas alemãs) foram treinados por uma semana para distinguir entre muco e saliva de pacientes infectados com o Sars-Cov-2 e de indivíduos saudáveis. Os animais conseguiram detectar positivamente as secreções infectadas com uma taxa de sucesso de 83%, e secreções de controle com 96%. A taxa geral de detecção, combinando as duas, foi de 94%.
A OMS (Organização Mundial da Saúde) está coordenando uma força-tarefa com pesquisadores internacionais para investigar a capacidade dos cães farejadores detectar a doença e, assim, integrar a lista de métodos de diagnóstico. Além de não ser invasiva, a detecção por cães pouparia em tempo e dinheiro.
Cachorros já são usaods para detectar Covid-19
Os Emirados Árabes Unidos já estão investindo no treinamento de cães farejadores. Guillaume Alvergnat, conselheiro do Escritório de Assuntos Internacionais do Ministério do Interior, declarou ao Wall Street Journal que o país tem 39 animais que estão sendo usados na avaliação de pessoas em shoppings e eventos públicos. Segundo Alvergnat, os Emirados Árabes Unidos têm capacidade para treinar adestradores de cães de outros países.
Na França, de acordo com Grandjean, cerca de 1.000 cães farejadores trabalham para instituições governamentais e poderiam ser rapidamente treinados para detecção da covid-19 e alocados em locais como aeroportos, casas de espetáculos e instalações esportivas.