Os cinco laboratórios que pretendem fornecer vacinas contra Covid-19 no Brasil terão em janeiro um mês decisivo. Os fabricantes de medicamentos esperam obter os registros necessários na Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa) para que os imunizantes possam ser aplicados na população brasileira.
Até o momento, nenhum laboratório solicitou registro à Anvisa, tanto o definitivo quanto o emergencial. Mas o Ministério da Saúde acredita que vai começar a vacinação em 20 de janeiro. A data foi anunciada na última terça-feira (29) pelo secretário-executivo da pasta, Élcio Franco. De acordo com ele, na pior das hipóteses a imunização começará a partir de 10 de fevereiro.
O Brasil é retardatário na imunização da população. Até o momento, cerca de 50 países iniciaram a aplicação de doses em seus habitantes, entre eles os que fazem parte da União Europeia, Reino Unido e Estados Unidos. Países da América Latina também começaram as campanhas de vacinação, como o México, a Costa Rica, o Chile e a Argentina.
As vacinas em estágios mais avançados no Brasil são as da Pfizer/BioNTech e a desenvolvida pela Universidade de Oxford em parceria com a AstraZeneca. Esta última será fabricada no Brasil pela Fundação Oswaldo Cruz (Fiocruz) em um acordo que prevê a transferência de tecnologia para o laboratório brasileiro.
A vacina da Fiocruz está na fase 3 de testes. Nesta etapa, doses da vacina são aplicadas em grandes populações para avaliar a segurança e a eficácia do medicamento. “A vacina precisa provar que, de fato, é capaz de nos proteger da doença”, informa a Anvisa.
A Fiocruz enviou os dados primários da fase 3 em 22 de dezembro mas a Anvisa ainda não finalizou a análise do relatório. Na última quarta-feira (30), a presidente da fundação, Nísia Trindade, adiantou que a entrega final de documentos para registro da vacina de Oxford no Brasil deve ser feita até 15 de janeiro.
“É um dia histórico porque é mais um elemento de esperança diante de uma situação de tanto sofrimento. Uma esperança que vem da ciência e de uma visão de saúde pública porque essa vacina não é só eficaz, não só de alta qualidade, mas também uma vacina adequada para países com a população e o tamanho do nosso país, com suas diferenças regionais e sociais, é uma vacina adequada para o nosso Sistema Único de Saúde”, disse Nísia.
O imunizante da Fiocruz pode ser mantido em temperaturas normais de refrigeração, de 2ºC a 8ºC, o que facilita a logística para aplicação do medicamento em todo território nacional. A vacina tem eficácia que varia de 62% a 90%, dependendo da dosagem aplicada. A fabricação ainda não começou, mas a fundação adiantou que pretende entregar 1 milhão de doses da na semana de 8 a 12 de fevereiro. O governo brasileiro comprou 30 milhões de doses da vacina Fiocruz.
Já a vacina da Pfizer/BioNTech precisa ficar guardada a -70°C, o que pode representar uma dificuldade logística para a utilização do imunizante no Brasil. A fabricante enviou em 5 de dezembro os dados referentes à fase 3 de testes. A documentação está sob análise da Anvisa.