O Conselho Distrital de Saúde Indígena (Condisi) de Rondônia confirmou os três primeiros casos do novo coronavírus entre indígenas nesta segunda-feira (18). Conforme o conselho, eles foram infectados após irem para Porto Velho sacar o auxílio emergencial da Caixa Econômica Federal de R$ 600.
Os três indígenas têm 37, 40 e 50 anos e são do povo Karitiana. Eles chegaram a voltar à aldeia Caracol, que fica a cerca de 90 quilômetros de Porto Velho sentido Guajará-Mirim, mas uma semana depois sentiram os primeiros sintomas da doença e precisaram retornar à capital.
Os diagnósticos também foram confirmados pelo coordenador do Distrito Sanitário Especial Indígena de Porto Velho, Luiz Tagliani.
Segundo ele, os indígenas passaram por exames, são monitorados e estão isolados em uma área específica da Casa de Apoio à Saúde do Índio (Casai), em Porto Velho.
"A equipe de saúde adentrou na aldeia e detectaram esses casos então suspeitos. Fizeram os exames necessários e confirmaram a positividade dos testes. Eles estão evoluindo bem, já estão com pouca febre. Estamos entrando em contato com a Funai para fazer uma barreira sanitária, evitar a entrada e saúde de indígenas", complementou.
Conforme Elivar Karitiana, presidente do Conselho Indígena da Casai, equipes de saúde irão intensificar as ações de prevenção na aldeia.
A Rede Amazônica entrou em contato com a Fundação Nacional do Índio (Funai) e aguarda retorno.
Temor pelo avanço
No mês passado, entidades se disseram preocupadas com a disseminação do novo coronavírus nas aldeias. Na ocasião, Funai e Ibama afirmaram estarem atuando para combater o avanço do vírus em terras indígenas com medidas como o bloqueio de entradas das aldeias e ações de comando e controle contra ilícitos ambientais nas áreas federais.
O arcebispo de Porto Velho, Dom Roque Paloschi, informou que o Conselho Indigenista Missionário (Cimi) orienta que os indígenas cumpram com as recomendações das autoridades de saúde de permanecerem dentro das aldeias para evitar a disseminação da doença. "Mas diante da desassistência, eles são obrigados a chegar nas cidades, e isso é um risco maior", reforçou o presidente do Cimi.
O movimento Survival Internacional declarou, no início de abril, que a proteção de terras indígenas em todo o mundo é fundamental para impedir que indígenas morram por causa do novo coronavírus.
Até domingo (17), Rondônia acumula 1.963 casos do novo coronavírus, segundo dados da Secretaria Estadual da Saúde (Sesau) divulgados no início da noite. O estado tem 74 mortes decorrentes da doença.