Em entrevista à Rádio TV Jornal Meio Norte, Emídio Matos, pesquisador da Universidade Federal do Piauí (UFPI), diz que os dados atuais de hoje não permitem pensar em qualquer tipo de aglomeração, pois países com quase 80% da população completamente imunizada voltam a viver o aumento do número de casos. "Isso é preocupante", diz, enfatizando que a vacina, após cinco e seis meses, perde um pouco da eficácia e precisa de dose de reforço.
Na última semana, o pesquisador diz que o Piauí vem registrando aumento de alguns indicadores a exemplo da taxa de positividade detectado pelo exame de PCR. "Na última semana epidemiológica houve aumento de 17% e é a terceira seguida de aumento desse indicador", diz..
Emídio diz que na semana passada, a cada 100 testes realizados pelo Laboratório Central do Piauí, 25 deram positivo. "É um percentual muito alto e a Organização Mundial de Saúde (OMS) considera que um percentual de 5% seria uma margem segura. Vemos o reflexo desse aumento na taxa de ocupação de leitos do Piauí", explica, informando que na região de Oeiras, na última quinta-feira, 25, a taxa de ocupação de UTI chegou a 100%.
Não é tempo de liberar máscaras
Segundo Emídio Matos, o Território Planície Litorânia, o Hospital Regional HEDA, em Parnaíba, estava com 80% de ocupação de UTIS após muito tempo abaixo de 50% de ocupação. "É um cenário de cautela e não é tempo de pensar em festas e aglomerações", diz.
Com relação a decisão de governadores de alguns estados sobre a retirada do uso das máscaras, o pesquisador diz que isso foge da racionalidade é "fetiche" dos governadores. "Não consigo encontrar outra explicação. É um equipamento de proteção simples e que efetivamente protege, estudos mostram que o risco de infecção é 90% quando se usa máscara e o que deveríamos estar fazendo era distribuir as máscaras cirúrgicas para população mais vulnerável pelo Sistema Único de Saúde (SUS)", diz, afirmando ainda que as máscaras de tecido foram úteis no momento em que faltavam no mercado as máscaras cirúrgicas.
Não há perspectiva para erradicar o vírus
Para o pesquisador, o Piauí vem oscilando com relação ao número de casos. O Estado organizado em Territórios, o que se percebe é que algumas regiões estão em melhores condições. "Não é possível olhar para o Piauí como um todo", diz.
Em relação ao vírus, Emídio Matos afirma que não há perspectiva para erradicar de uma hora para outra. "Vamos conviver com o vírus por algum tempo, mas não em estado pandêmico, quando ele está globalizado", diz, explicando que o que pode atrasar a erradicação desse vírus é a desigualdade e não uniformidade de vacinação.
"No mundo tem países com 80% da população imunizada, quando outros há países com 12%, as pessoas circulam no mundo globalizado e o vírus vai continuar circulando. É preciso olhar ao mundo de forma coletiva", diz.
O Piauí, segundo o pesquisador vive a mesma realidade e citou o exemplo de Teresina, a imunização da população não ocorre da mesma forma no Jóquei Clube e na região da Socopo. "O retorno para segunda dose no Jóquei é muito mais efetivo que a região da Socopo", comenta, destacando a necessidade de fazer Busca Ativa e levar a vacina até as populações mais carentes.