Um estudo realizado pela Universidade Federal do Piauí (UFPI), em parceria com a Fundação Oswaldo Cruz (Fiocruz), indicam que o Piauí deve atingir um pico de 23 mortes por dia por Covid-19 em 14 de maio seguindo as condições atuais e até 31 óbitos diários no pior cenário, caso não sejam radicalizadas as medidas de prevenção ao coronavírus.
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Emídio Matos, professor da UFPI que integra os estudos, destaca que as projeções não são animadoras e que já há registro de colapso no Piauí, já que alguns municípios estão sem vagas de leitos de UTIs. O pesquisador recomenda medidas mais duras como lockdown, aumento de testagem, abertura de mais leitos de UTIs e campanha de uso de máscaras, evitar aglomerações e medidas de higiene para tentar conter a taxa de transmissibilidade do vírus.
“Nós já registramos no Piauí um colapso em algumas regiões com a falta devagas em leitos de UTI, mas é preciso não só ampliar as vaga, mas ter equipe e insumos. Além de promover um lockdown diferenciado, fortalecer a rede primária de saúde e fazer rastreio de contato orientando para o isolamento correto, ampliando a vigilância ambulatorial para detectar mutações no Piauí e melhorar a comunicação com a população.”, enfatiza.
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A avaliação foi feita pesquisadores da UFPI e apresentadas para a Secretaria Estadual de Saúde (Sesapi). O levantamento elaborado em parceria com o Institute for Health Metrics and Evaluation (IHME), da Universidade de Washington, também foi apresentado ao governador Wellington Dias (PT), que se reuniu com o Comitê de Operações Emergenciais (COE) e anunciou novas medidas restritivas na noite desta quarta-feira (03).
O relatório apontou ainda que o Piauí já enfrenta colapso na saúde na região Norte com tendência de se agravar ainda mais a região “Entre Rios”, onde fica Teresina. De acordo com os pesquisadores, o Piauí vive o momento mais letal da pandemia.
No pior cenário, segundo as projeções, sem o uso adequado de máscaras por pelo menos 95% da população e sem medidas restritivas, haverá registro de 5.014 mortes com 31 óbitos por dia. Com a população usando máscaras, o índice de mortes cai para 7 mortes por dia.
O Núcleo de Estudo em Saúde Pública da UFPI acompanha a evolução da pandemia desde abril do ano passado. Em todas as projeções, os números indicam tendência de crescimento tanto para novos casos e óbitos. “É possível observar o momento que compreende a primeira onda dos casos, de junho a agosto de 2020. No fim da série histórica, identifica-se um aumento de novos casos da doença, apresentando uma tendência positiva, com um incremento de 19% quando comparado a 14 dias atrás”, revela trecho da pesquisa.
De acordo com o relatório, os casos diários estavam reduzindo até a primeira quinzena do mês de agosto. “Após os eventos das eleições e as festas de fim de ano, verificou-se uma tendência de aumento. Após o dia 13 de fevereiro, os casos começaram a aumentar, após reduções em dias anteriores”, pondera.
O estudo destacou também que na primeira onda da doença, o estado registrou mortes acima de 25 óbitos por dia. “Ao fim da série histórica, identifica-se um aumento nas mortes pela doença, verificando uma tendência de alta, com incremento de 60% quando se compara 14 dias atrás”, finaliza.