O diretor do Instituto Butantan, Dimas Covas, questionou nesta sexta-feira (12) a projeção do ministro da Saúde Eduardo Pazuello de imunizar toda a população 'vacinável' do Brasil em 2021. Dimas criticou a indefinição do que seria esse público mencionado por Pazuello e a indisponibilidade de doses suficientes para atingir a chamada "imunidade de rebanho".
Até quinta-feira (11), em torno de 4,5 milhões de pessoas receberam a primeira dose contra a Covid-19, o que representa somente 2,16% dos brasileiros, segundo levantamento do consórcio de veículos de imprensa feito junto às secretarias estaduais de saúde.
"Essa afirmação do ministro precisa ser respaldada em fatos que nesse momento ainda não existem", afirmou o diretor do Instituto Butantan.
A projeção de atingir toda a população 'vacinável' ainda este ano foi colocada pelo ministro durante uma audiência no Senado na quinta-feira (11).
Sem dar detalhes, Pazuello afirmou que 50% desse público receberá imunizantes até junho e que os outros 50% serão vacinados até dezembro, mas não explicou o que considera “população vacinável”. No Brasil, pessoas com a imunidade baixa e menores de 18 anos não estão sendo vacinadas.
Os critérios adotados pelo governo federal e a falta de vacinas também são questionados por representantes de estados como Santa Catarina, Pará e Espírito Santo, que pedem o envio de mais remessas para fazer frente à demanda de vacinação. No Senado, Pazuello disse que o critério para entrega é a quantidade de pessoas que formam os grupos prioritários em cada estado.
Indefinição e falta de vacinas
O diretor do instituto esteve em Serrana (SP) nesta sexta-feira para o lançamento de um projeto inédito de vacinação em massa que vai apurar o impacto da CoronaVac contra a transmissão do novo coronavírus.
Questionado sobre a fala do ministro da Saúde, Dimas Covas disse que a definição sobre o que seria uma população elegível para a vacinação até o fim do ano não ficou clara.
"Ele disse que será vacinada a população elegível até o fim do ano. Só faltou dizer o que é a população elegível, essa é a grande pergunta."
Segundo o diretor do Instituto Butantan, para que o país obtenha a chamada "imunidade de rebanho", com uma vacinação de 80% da população, seriam necessárias 340 milhões doses de vacinas, volume ainda não disponível mesmo com a encomenda de 100 milhões de doses da Fundação Oswaldo Cruz, prevista para ser entregue em setembro.
"Nesse momento esse quantitativo, embora até que numericamente possa já estar contratado pelo ministério, ainda não existe de fato, não existe de forma efetiva. A única vacina que está disponível em grande quantidade no Brasil é a vacina do Butantan", disse Covas