Empresários defendem reabertura e traçam panorama do desemprego no PI

Em debate no Agora, empresários destacaram que está na hora da retomada e que 70 mil contratos estão suspensos no Piauí.

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Em meio ao início do processo de retomada dos serviços não essenciais, o programa ‘Agora’ da Rede Meio Norte promoveu na quinta-feira, 11 de junho, um debate com os empresários piauienses: Marco Pinto, Marcus Sabry e Jimmy Napoleão. A conversa foi mediada pelos jornalistas Amadeu Campos e Arimateia Carvalho.

Na ocasião, os empresários sintetizaram que esta no momento dos serviços voltarem a funcionar, mantendo uma política de distanciamento e a higienização do ambiente. Marcus Sabry indicou que as medidas restritivas já deveriam ter sido adotadas com uma perspectiva de retomada, para que as pessoas pudessem se planejar efetivamente.

“Posso responder de uma forma muito clara, na verdade já passou da hora, o decreto de fechamento, restrição, já deveria vir acompanhado de um plano de reabertura, para que as pessoas pudessem ter uma estimativa, as reservas de como iam sobreviver; então no momento que vem uma restrição, junto poderia vir um planejamento”, disse.

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O empresário ainda destacou que algumas medidas, como a vigilância nas fronteiras, não foram tomadas no início, permitindo a expansão da doença no Brasil, indicando que o confinamento não é a melhor medida para evitar a disseminação do novo coronavírus e sim, o distanciamento.

“E gostaria de fazer uma introdução porque existe muita informação desencontrada, muitas informações contraditórias, em primeiro lugar em dezembro creio que ninguém previa que meses depois estaríamos nessa situação, em janeiro e fevereiro deveria ter tomada a medida mais importante de todas, que era a vigilância epidemiológica das fronteiras. Essa primeira medida não foi tomada, depois de um ponto a transmissão passou a independer de casos importados, a partir deste momento a única medida foi restringir a circulação e comprar respiradores, no primeiro momento não tínhamos dados sobre a doença, tivemos que nos basear em modelos matemáticos, podemos dizer que foi justificado (o isolamento) no momento, então naquele momento de incerteza não podemos julgar o que está certo ou errado”, afirmou.

Para ele, o Brasil vive agora um novo momento, com uma base de dados e uma visão realista sobre a pandemia. “Agora o que acontece é que vivemos outro momento, estamos com dados reais, em boa parte dos Estados o pico da curva de óbitos e casos já passou”, concluiu.  

70 mil contratos suspensos no Piauí

Questionado por Amadeu Campos sobre as medidas que serão adotadas nas empresas quanto a prevenção, Marco Pinto destacou que o protocolo seguido será similar ao adotado por empresas que estão em funcionamento, como supermercados e farmácias. “São coisas bem já consolidadas, até porque algumas atividades foram mantidas, como farmácias e supermercados, então os varejos vão seguir a mesma linha, álcool em gel, uso de máscara obrigatório, distanciamento, higienização dos pontos de maior contato”, frisou.

Neste âmbito, Arimateia Carvalho questionou sobre a possibilidade de uma onda de demissões no Piauí. Marco Pinto sinalizou que até o momento a Medida Provisória 936, que permite a redução de salários e a suspensão de contratos, tem ajudado a atenuar as demissões, mas no entanto há 70 mil empregos formais com contratos suspensos, que ficam ameaçados caso a data limite de 90 dias estabelecida pela MP se encerre, o que deve ocorrer no final deste mês.

ASSISTA O DEBATE NA ÍNTEGRA: 

“A grande preocupação é que o que mantém consumo: emprego e renda. Tem o emprego formal, e tem o informal, que também o efeito cascata está sendo muito atingido. Os números até agora foram bem atenuados com a MP 936; muitas empresas optaram por complementar o que excedia esse teto, esse valor subiu de 30% para 50%, e tivemos por 90 dias essa despesa e nos solidarizamos, Governo com uma parte, empresa com outra; com empregos formais temos cerca de 70 mil suspensos no Piauí, nossa preocupação é que se perdermos a data limite, aí  realmente é a grande preocupação: o que vai acontecer com esses 70 mil empregos”, disse.

Jimmy Napoleão também demostrou grande preocupação com a manutenção de empregos formais no Piauí, sinalizando que as empresas têm feito o possível para preservá-los.

“Não precisamos reinventar a roda, essa é uma doença complexa, mas o combate a ela é simples, estas medidas de distanciamento social, higienização de balcão, número de clientes por loja são medidas simples, além disso, precisamos que esse protocolo seja aprovado. Importante é esclarecer a informação que a classe empresarial é contra o isolamento, o que compreendemos é que o isolamento seria de caráter temporário que possibilitasse o reforço da estrutura hospitalar, e hoje temos números confortáveis, e na nossa visão chegamos a este momento. Nos preocupa muito não só os nossos negócios, mas nossos trabalhadores, os números de demissão, suspensão de trabalho são alarmantes”, comentou.

Mais de 12 mil seguros-desemprego no Piauí

De acordo com ele, nos meses de abril e maio foram mais de 12 mil seguros-desemprego pedidos no Piauí, indicando para uma estimativa preocupante no que se refere ao número de dependentes desalentados. A situação tende a piorar com o fim, ou a redução, do auxílio emergencial.

“Não, estamos aguardando a manifestação da Prefeitura, e como eu falei isso demanda tempo, não será de um dia para o outro, esse consenso tem que chegar muito em breve, colaborar com os nossos negócios, assim como queremos somar com o Poder Público, tem que ser um somatório de decisões para um retorno seguro. Foram 12.330 (pedidos de seguro) totalizando abril e maio, sem considerar o mês de junho, se fizermos uma conta simples de uma família com três pessoas já atingiu 36.990 pessoas; as empresas já utilizamos praticamente todas as nossas reservas; o que o empresariado pode contribuir, toda engenharia, já foi  feita, agora estamos esperando a contribuição do Poder Público. Queremos dentro dos critérios retomar nossas atividades, dentro dos critérios”, frisou.

Marco Pinto destaca que espera uma solução no menor tempo possível, obedecendo o protocolo firmado com as autoridades, com regras sanitárias nas empresas.

“Os empresários de uma forma geral já vêm debatendo a diversas semanas, estamos bastante apreensivos com a data-limite de 22 de junho. As empresas mais capitalizadas estão suportando, mas é uma coisa com tempo delimitado, torcemos para uma solução no menor tempo possível.  O Governo permitiu 90 dias de benefício, 60 de suspensão, somados a empresa poderia usar 90 dias, o que ele está fazendo, salvo engano, é estender o período permitido para usar esses 90 dias, mas quem já usou não tem como usar no mês de julho”, apontou.

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Distanciamento Social

No que tange aos graus de infecção no Estado, Marcus Sabry disse acreditar  que  o pior já passou, destacando que uma segunda onda da pandemia atinge bem menos do que a primeira onda.

“Essa interpretação precisa ser cauteloso, no Piauí no início de abril tinha apenas 40 óbitos, fiz cálculos que se estenderam e observamos um índice de força, inicialmente esse índice de crescimento era de 30% a 40%, quando chega no pico esse aumento de casos vai diminuindo, agora a taxa de aumento está praticamente zero; o Piauí por esses dados posso dizer que se não estamos, estamos próximos do ápice do pico. Tinha previsto até mais casos e hoje a realidade foi mais benevolente. Estamos no pico, o que tinha  de acontecer, já aconteceu, já temos dados para prever o que vai acontecer daqui para frente”, afirmou.

O empresário voltou a defender o distanciamento como a medida  mais eficaz na redução da curva de contágio. “Não precisávamos tomar medidas neste grau, o que evita a contaminação e vai evitar a segunda onda, terceira onda, é o distanciamento social, independente de qualquer coisa, e distanciamento é diferente de confinamento, enquanto o que faz evitar o contato é o diverso, é o distanciamento; a ideia é distanciar, estender os horários de atendimento, isto que evita o contágio”, afirmou.

Ele ainda complementou. “Nem mesmo os gestores que propuseram o isolamento social, esperava uma redução dos casos, esse impacto onde tinha de ocorrer já ocorreu. Em toda pandemia há uma segunda onda, e ela é 20%/30% à primeira onda, então se com a primeira onda não houve o colapso, não haverá na segunda. O que evita casos é o distanciamento social”.

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