Um vídeo gravado por uma moradora mostra o momento em que empresários são vacinados contra a covid-19 na garagem da empresa de ônibus Saritur, localizada no bairro Caiçara, em Belo Horizonte. De acordo com o boletim de ocorrência da Polícia Militar de Minas Gerais, o fato aconteceu na terça-feira (23), em torno das 20h.
Ainda de acordo com a PM, a denúncia foi feita por uma moradora da região que não quis se identificar. Segundo ela, havia cerca de 25 veículos no pátio da empresa, com condutores, passageiros e crianças dentro dos carros. A moradora gravou o vídeo da janela de seu apartamento e contou que as vacinas foram aplicadas por uma mulher de jaleco branco.
Após a denúncia, os militares vistoriaram o local e não encontraram vestígios de vacinação. Segundo a PM, os empresários afirmaram que estavam na empresa pois havia acontecido uma reunião da diretoria.
Houve uma movimentação anormal em uma das garagens de ônibus da Viação Saritur na última terça-feira. Um movimento que chamou a atenção dos vizinhos.
“Minha amiga me chamou perguntando se estava tendo vacinação noturna, drive-thru, e eu falei com ela que não, que não tem vacinação à noite, que o posto só funciona até 19h e a vacinação é até as 15h30. Ela falou, 'Não, então tem alguma coisa errada, vem cá para você ver', disse uma mulher, que preferiu não se identificar.
MPF ABRE INVESTIGAÇÃO
O Ministério Público Federal (MPF) abriu nesta quinta-feira uma investigação para apurar suposta vacinação irregular de empresários e políticos de Minas Gerais com o imunizante da Pfizer contra a covid-19, informou o órgão.
A investigação foi iniciada após reportagem da revista Piauí, segundo a qual um grupo do setor de transportes importou a vacina e ofereceu a amigos e familiares ao preço de 600 reais pelas duas doses.
Entre os vacinados, segundo a Piauí, estaria o ex-senador e ex-presidente da Confederação Nacional do Transporte (CNT), Clésio Andrade. Outro vacinado seria o deputado estadual Alencar da Silveira Júnior (PDT). Ele negou que tenha participado.
"Os fatos narrados na reportagem, se vierem a ser confirmados, podem indicar, além de violação à Lei 14.125, a ocorrência de crimes relacionados à importação ilegal do medicamento", disse o MPF em comunicado.
A Pfizer negou em nota qualquer venda ou distribuição da vacina da empresa no Brasil fora do âmbito do Programa Nacional de Imunização (PNI), e lembrou que o imunizante ainda não está disponível no território brasileiro.
A empresa lembrou ter firmado um acordo com o Ministério da Saúde para o fornecimento de 100 milhões de doses ao longo deste ano, com as primeiras entregas em abril.