Em alta nos países africanos e começando a ganhar território na Europa, a nova variante Ômicron da covid-19 é diferente da variante Delta, apesar do alto potencial de infecção registrado nesses locais onde a cepa está crescendo.
Enquanto os sintomas da Delta são pulsações elevadas, baixos níveis de oxigênio e perda de olfato e paladar, a Ômicron causa fadiga, dores de cabeça e no corpo, além de dores na garganta e tosse.
Essa diferença foi notada pela médica Angelique Coetzee, responsável por alertar cientistas do governo sul-africano sobre a possibilidade de uma nova variante.
Presidente da Associação Médica Sul-Africana, ela disse à Bloomberg que passou dias sem novos pacientes com covid em seu consultório em Pretória e, de repente, pessoas começaram a reclamar desses novos sintomas no dia 18 de novembro.
Com a mudança na reação do organismo ao coronavírus, ela informou o Conselho Consultivo Ministerial do governo e, na semana seguinte, os laboratórios identificaram a nova variante.
Mais otimista do que governos que já estão promovendo novos lockdowns como forma de conter o avanço da variante em seus países, Coetzee acredita que será uma “doença leve”, apesar do impacto que ela possa causar. A nova variante também já derrubou diversas bolsas ao redor do mundo, com os agentes financeiros temendo um retrocesso nos avanços da ciência obtidos com a vacinação.
Eficácia das vacinas contra a Ômicron
A nova variante é um mistério para os cientistas e os dados sobre ela ainda estão em fase de levantamento. Pfizer, Janssen, Moderna e AstraZeneca, farmacêuticas que possuem vacina desenvolvida contra a covid-19 e suas variantes, já anunciaram que estão pesquisando formas de adaptar esses imunizantes e entender a eficácia contra a nova cepa.
CEO da farmacêutica Moderna, Stephane Bancel comentou ao jornal Financial Times que as vacinas desenvolvidas para combater a covid-19 podem ter dificuldades contra a variante Ômicron. Se isso se confirmar, ele acredita que um novo imunizante deve levar meses para ser desenvolvido.
Esses dados sobre a eficácia das vacinas devem estar prontos em duas semanas, porém existe um temor na comunidade científica de que a variante apresente um grande desafio para os laboratórios que produzem imunizantes e seja resistente ao medicamento.
Bancel explicou que os cientistas estão preocupados porque 32 das 50 mutações detectadas na variante Ômicron se encontram na proteína ‘spike’ (ou espícula), uma parte considerada como “chave de entrada” para o coronavírus no corpo humano. É ali que os laboratórios tentam anular os efeitos do vírus.
O CEO da Moderna afirmou ao Financial Times que pode acontecer uma “queda considerável” na eficácia das vacinas atuais contra a Ômicron. Em sua leitura, também é perigoso concentrar toda a produção das vacinas contra a variante sul-africana, uma vez que outras cepas seguem em circulação.