Um mapeamento realizado pela Fundação Oswaldo Cruz (Fiocruz) mostra que o Piauí é um dos estados brasileiros onde menos circulam as novas variantes do novo coronavírus (SARS-CoV-2).
Segundo os dados, há apenas duas linhagens em circulação no estado, a B.1.1.33 e N.9, sendo que a variante N.9 origina-se da linhagem B.1.1.33 e é potencialmente mais transmissível.
No final de abril, a Secretaria de Estado da Saúde (Sesapi) já havia confirmado a presença de três variantes em circulação no Piauí (P1, P2 e a N9).
Os dados da Fiocruz mostram que Mato Grosso, Acre e Roraima também apresentam menores números de linhagens detectadas desde o início da pandemia da Covid-19.
As novas mutações das variantes têm se disseminado por todo o país e preocupa pela alta transmissibilidade. Estados como São Paulo e Rio de Janeiro possuem mais de 30 linhagens detectadas, predominando a linhagem P.1, identificada inicialmente em Manaus. Também há maior número de linhagens detectadas nos estados da Bahia, Pernambuco e Minas Gerais.
Embora no Piauí tenha sido identificado apenas duas linhagens, conforme o mapeamento da Fiocruz, o infectologista Nayro Ferreira explica que há indícios de que outras variantes estejam em circulação no estado, adoecendo a população de forma mais severa.
“A diversidade de variantes de coronavírus no Brasil circula de forma eficaz, com uma transmissibilidade mais fácil e um contágio mais ágil. O fato de no Piauí termos descoberto poucas variantes não isenta de termos outras. Nós não estamos tendo um diagnóstico concreto de biologia molecular de novas variantes, no entanto, podemos afirmar que, clinicamente, essas variantes já podem estar aqui pois há uma taxa de transmissibilidade maior, um contágio maior, a instalação da doença muito mais agressiva, principalmente entre jovens, pois são quem mais descumprem as normas e regras sanitárias, principalmente o não uso da máscara, formação de aglomerados e não manutenção de um distanciamento seguro”, ressalta.
Na madrugada deste domingo (09), a Polícia Militar flagrou duas festas clandestinas com mais de 100 jovens aglomerados na zona rural de Teresina. Muitos não usavam máscaras, o que aumenta o risco de transmissão. Segundo o Painel Epidemiológico da Secretaria de Estado da Saúde (Sesapi), jovens entre 20 e 39 anos representam 41,08% dos casos confirmados da doença. No caso de óbitos, o público mais atingido continua sendo os idosos.
Novo aumento de casos
Em meio a tantas variantes e facilidade de contágio, as medidas higiênico-sanitárias são mais que necessárias, mesmo com o afrouxamento das medidas impostas pelo decreto estadual. O infectologista alerta para um novo aumento de casos após o Dia das Mães.
“Quanto maior a transmissibilidade do coronavírus dentro de uma população, maior a probabilidade de formar variantes, maior a transmissibilidade, maior contágio, maior o número de pessoas doentes e maior o número de mortes. Isso é visto facilmente quando se tem um lockdown mais rigoroso: 15 a 20 dias após observa-se uma queda no número de casos. É o que tivemos até a semana passada, quando estávamos em queda. Agora estamos em estabilidade e posteriormente, com certeza após o Dia das Mães, espera-se que esse número aumente novamente”, alertou Nayro Ferreira.