Vários influencers franceses afirmam ter sido contactados por uma agência de comunicação misteriosa que lhes propôs, mediante pagamento, que desacreditassem a vacina Pfizer/BioNTech contra a covid-19, uma iniciativa que o ministro da Saúde de França, Olivier Véran, descreveu esta terça-feira como "miserável" e "irresponsável".
"Não sei de onde vem, não sei se vem de França ou do exterior", disse Véran à estação de televisão BFMTV. "É miserável, perigoso, irresponsável e não funciona", afirmou antes de acrescentar que esta ação não fará os "franceses virarem as costas à vacinação".
Vários influencers, que têm mais de um milhão e meio de inscritos no YouTube, garantiram na segunda-feira que foram contactados para criticar a vacina da Pfizer nas redes sociais e que seriam pagos para isso.
Com interesse na área de saúde e ciência, esses influencers explicaram que receberam um e-mail de uma agência de comunicação alegadamente sediada no Reino Unido, oferecendo-lhes uma "parceria". Diziam atuar em nome de um cliente com um "colossal orçamento" que desejava manter o anonimato.
"É estranho. Recebi uma proposta de parceria que consiste em destruir em vídeo a vacina da Pfizer", escreveu no Twitter o influencer Leo Grasset, um entusiasta da ciência que tem 1,17 milhão de subscritores no seu canal no YouTube.
"Incrível. O endereço da agência de Londres que me contactou é falso. Nunca existiram instalações lá, é um centro de laser estético! Todos os funcionários têm perfis suspeitos no LinkedIn ... que desapareceram esta manhã. Todo a gente já trabalhou antes na Rússia", afirmou. Outros influencers descreveram a mesma situação.
O ministro da Saúde de França, questionado sobre a possibilidade de essa proposta vir da Rússia, não quis comentar. "Não sei, não me permitiria misturar hipóteses", respondeu.
A vacina Pfizer ganhou notoriedade após os problemas da sua concorrente sueco-britânica AstraZeneca, cuja reputação foi manchada por alguns casos raros de coágulos sanguíneos e atrasos persistentes nas entregas.
Nesta terça-feira, um youtuber alemão ativo no mesmo setor, Mirko Drotschmann, com cerca de 1,5 milhão de seguidores, explicou que tinha recebido uma proposta semelhante. "Posso confirmar que é da mesma agência. Fiquei surpreendido com o pedido", disse.