Governadores cobram da Anvisa decisão sobre importação da Sputink

Decisão da agência reguladora, que negou importação, teve repercussão internacional negativa, diz Wellington Dias

Decisão da agência reguladora, que negou importação, teve repercussão internacional negativa, diz Wellington Dias | Reprodução
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O governador do Piauí e coordenador do tema da vacina no Fórum Nacional de Governadores, Wellington Dias (PT),  e senadores cobraram nesta sexta  uma definição para a importação da vacina  Sputink V , que teve o pedido negado no final de abril. Em audiência no Senado, diretores da Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa)  sinalizaram que há  perspectiva de uma nova análise em breve com a entrega de mais informações sobre o imunizante.

Uma nova reunião entre representantes da Anvisa e do fórum de governadores está marcada para a tarde de hoje. Ao negar a importação, a agência justificou falta  de dados sobre segurança e eficácia. O principal ponto citado pelos técnicos foi a identificação do que chamam de "adenovírus replicantes",  que o Instituto Gamaleya, do governo russo, nega existir.

Wellington Dias reforçou a necessidade de distribuição de mais vacinas aos estados e defendeu a eficácia da Sputink V. Segundo o governador, 17 estados dos consórcios da Região Nordeste e da Região Amazônica compraram a vacina russa. Ele afirmou  que já foram entregues novos documentos à Anvisa e fez um apelo à  Comissão da Covid-19 do Senado ajudar na interlocução  com a agência reguladora.

Audiência pública no Senado discute sobre liberação da Sputink V Foto: Reprodução

 —  Nenhuma vacina  no mundo está sendo utilizada com regras normais, todas estão sendo aprovadas de forma emergencial e excepcional. É  isso que esperamos no Brasil  —  disse o governador,  completando:  —  Não há como prever efeitos colaterais para nenhuma vacina (...) não bate a regra do vírus replicante que foi citado, isso causou um mal estar internacional.

Segundo o governador , os russos ficaram em uma situação “delicada”. Houve então uma reunião com o embaixador da Rússia no Brasil, Alexey Kazimirovitch, para que o contrato não fosse rescindido.

 — Nós estivemos lá na Embaixada da Rússia, inclusive, convencendo o embaixador a nos ajudar para que não houvesse desistência da parte dos produtores russos em relação a essa demanda que foi apresentada pelo Brasil, essas encomendas. Externei já a minha total confiança e o meu respeito à credibilidade que a Anvisa tem  — disse Humberto Costa (PT-PE).

Na audiência,  o relator do processo na Anvisa, o diretor Alex Machado Campos, afirmou que a decisão não se restringiu a questão do  adenovírus replicante. A agência, segundo ele, pediu informações a 62 países sobre a vacina, mas  a maioria ainda não havia  começado a vacinação em massa. Ele também justificou que relatórios técnicos detalhados  não estão  disponíveis em outras agências regularizadoras internacionais. Por outro lado, Campos  ressaltou  que o processo ainda está aberto.

 —  Eu acredito que com esse movimento a partir de hoje, com as tratativas que a Anvisa estabelecer com o Fórum de Governadores, imagino também que com a própria União Química, que essas lacunas (da Spunik)  possam ser superadas, e é uma perspectiva que está no horizonte  — disse Campos.

Produção

O presidente da União Química, que irá produzir a Sputnik no Brasil, Fernando de Castro Marques, disse que o plano é produzir no Brasil  8 milhões de doses  vacinas por mês, e que quase 100 exigências que foram determinadas pela Anvisa estão sendo cumpridas. Marques também criticou o “monopólio” na produção de imunizantes entre o Instituto Butantan e a Fiocruz. 

 — Essa concentração, eu acho que é uma coisa que nós  estamos pagando o preço nisso, porque acabou criando grande duas empresas e monopolizando  o negócio. Eu acho que isso é uma coisa que tem que ser revista.

Além de governadores que negociaram doses da Sputnik, o Ministério da Saúde tem um contrato com 10 milhões de doses do imunizante.  Marques garantiu que assim que a Anvisa liberar a vacina será feito ao embarque do imunizante ao país.

Indagado sobre a  nova versão da Sputnik  de uma dose só em vez de duas, batizada de Sputnik Light, o presidente da empresa disse que “seria um caminho mais rápido" para a vacianção. No entanto, não deu detalhes se há planos para produção no Brasil.

 —  Eu acho que isso talvez seja um caminho mais rápido pra gente poder disponibilizar mais vacina em um tempo mais curto   —  disse Marques.

O diretor-presidente da Anvisa, Antonio Barra Torres, participou apenas da abertura da audiência. Ele explicou que não seria adequada sua fala na reunião porque irá prestar depoimento à CPI da Covid no Senado na próxima terça-feira. 

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