Grávida com suspeita de coronavírus morre em SP e filha pede respostas

Mulher passou três semanas na casa de um familiar, em São Paulo, e voltou para a São Vicente com febre e falta de ar.

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Uma auxiliar de enfermagem de 43 anos morreu, neste domingo (22), no Hospital Guilherme Álvaro, em Santos, no litoral de São Paulo. Segundo informações apuradas pela reportagem, Cleide Renata Marques estava grávida de 13 semanas e apresentava sintomas semelhantes ao do novo coronavírus. Ela aguardava o resultado do teste, que sairia nesta semana. As informações são do G1.

Segundo a filha dela, Bruna Marques, a vítima tinha asma e passou a ter febre e falta de ar severa após passar cerca de três semanas em São Paulo. Ela teria ido à capital para ajudar familiares e voltou para a casa, em São Vicente, no último dia 14, para a festa surpresa de aniversário da filha. Quando chegou, estava com febre alta. A filha relata que, durante toda a festa, a mãe se mostrava bem debilitada.

Após dois dias, como a mãe não melhorava, a jovem resolveu levá-la para a maternidade do Hospital São José, onde ela atendida e logo transferida para o Hospital Municipal de São Vicente. Na unidade de saúde, conforme relata a filha, ela ficou cerca de quatro horas em atendimento, foi medicada e liberada. “Aquele dia o hospital estava um caos. Não tinha álcool gel e não deram nenhuma máscara para nós. Ela saiu de lá com o acesso venoso ainda no braço, um absurdo”, afirma Bruna.

Após sair da unidade de saúde, ela decidiu levar a mãe até o HGA, onde ela foi internada, isolada e passou a receber atendimento médico. Ela foi diagnosticada com um quadro de pneumonia e foi testada para coronavírus e H1N1. Na terça-feira (17), a paciente foi levada para a Unidade de Terapia Intensiva (UTI). “Na quarta (18), os médicos me disseram que ela estava estável, que a gravidez ia bem, sem nenhuma complicação e que eles estavam tratando”, conta Bruna. Ela relata que no dia da visita foi a última vez em que viu a mãe acordada e, mesmo que através de um vidro, conseguiu conversar com ela.

“Ela escrevia em uma plaquinha e pediu uva e pêra. Também perguntou da minha irmã. Ela chorou muito e estava muito sentimental. Nesse dia, falei que a amava muito e, mesmo pelo vidro, ela me entendia”, declara Bruna. Cleide apresentou uma piora no quadro na tarde de quinta-feira (19) e teve de ser sedada e entubada. Ela perdeu o bebê no mesmo dia, segundo a filha, por falta oxigenação para a criança, devido ao seu quadro.

“Os médicos me falaram que, apesar disso, seu quadro era estável e que estava respondendo ao tratamento. Eles me falaram que iam deixá-la na sedação por causa da falta de ar e porque ela era muito agitada”, afirma. No sábado (21), a jovem foi visitá-la e os médicos a informaram que a sedação da mãe seria retirada na segunda-feira (23) para ver se ela reagiria.

Cleide piorou e não resistiu, morrendo na na madrugada de domingo (22). Os médicos disseram, conforme conta Bruna, que ela teve uma parada respiratória, por causa de uma pneumonia aguda e complicações respiratórias. “Está sendo muito difícil para nós. Ela era a pessoa que ajudava todo mundo da família. Era uma pessoa muito boa, todo mundo vai sentir muito a falta dela”, desabafa a filha.

Após a morte de Cleide, a família foi orientada a esperar o teste, que foi enviado para o Instituto Adolfo Lutz, na capital paulista, e ficar em isolamento doméstico. “Estamos todos bem e sem nenhum sintoma. Agora, eu só quero uma resposta concreta”, finaliza Bruna.

Questionada sobre o caso da auxiliar de enfermagem, a Secretaria do Estado informou que a paciente citada pela reportagem tinha outras comorbidades e foi colhida amostra para análise laboratorial, visando confirmação ou descarte para o novo coronavírus. Ainda de acordo com a nota, a Secretaria esclareceu que a investigação epidemiológica de casos suspeitos da doença, bem como orientações e condutas para eventuais contatantes, é responsabilidade do município de residência do paciente.

Tentamos contato com o Prefeitura de São Vicente para saber a causa da paciente ter sido liberada do Hospital Municipal e o motivo do exame não ter sido feito na unidade, no entanto, até a última atualização dessa reportagem, não obteve resposta.

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