O termo empatia é usado como a capacidade de se identificar com o outro, sabendo se colocar do ponto de vista de outra pessoa. Já solidariedade, significa “caráter, condição ou estado solidário”, e agora, mais do que nunca, chegou a hora de demonstrar esses sentimentos para com o outro e consigo mesmo. Chegou o momento de fazer um esforço e permanecer em casa, pois com a disseminação do novo coronavírus (Sars-CoV-2) por todo o Brasil, é necessário adotar medidas para diminuir o ritmo de contágio da doença. Segundo especialistas ouvidos pelo Jornal Meio Norte, o isolamento social é essencial e a forma mais eficaz de evitar a rápida propagação da Covid-19, doença provocada pelo vírus.
O avanço do novo coronavírus tem trazido algumas dúvidas, principalmente sobre quem precisa ou deve permanecer em casa. Quem recebeu o diagnóstico ou tem sintomas da Covid-19 devem ficar em isolamento por pelo menos 14 dias. No Piauí, segundo números divulgados até a manhã de quinta-feira (19), pela Secretaria de Estado da Saúde (Sesapi), são 63 os casos suspeitos, sendo 25 descartados e 88 notificados. Nenhum caso foi confirmado. Por isso, os especialistas recomendam que, sempre que for possível, as demais pessoas evitem sair e, quando for preciso, não fiquem em locais cheios e fechados.
De acordo com o médico infectologista do Instituto de Doenças Tropicais Natan Portela (IDTNP), Nayro Ferreira, o isolamento social é a forma mais eficaz de evitar a rápida propagação da Covid-19, doença provocada pelo vírus. "O isolamento social se faz necessário sim, principalmente, nesse momento onde está tendo uma pandemia de uma doença que é transmitida pela via aérea e pelo contato físico, por isso o recomendado é manter distância de mais ou menos dois metros entre as pessoas, não tem contato íntimo, não apertar a mão, não abraçar e nem beijar é muito importante porque quebra a transmissibilidade do vírus e assim a redução dos casos da doença", indicou.
A medida do isolamento social, inclusive, é considerada um dos principais pontos que estão diminuindo o ritmo de novos casos registrados nos países mais afetado pelo novo coronavírus no mundo. De acordo com o especialista é fundamental que as pessoas entendam, especialmente as mais vulneráveis, que devem evitar circular por locais com muita aglomeração de pessoas para evitar a transmissão comunitária. "Caso não haja uma obediência na orientação do Ministério da Saúde de isolamento social vai acontecer um aumento no número de casos de Covid-19 e, com certeza, um agravamento do quadro clínico severo das pessoas mais vulneráveis e não será possível manter a barreira de transmissão do vírus", defendeu o especialista.
O Centro de Operações de Emergências do Sistema Único de Saúde (SUS) criou um documento para orientar os profissionais da saúde no país a tomarem medidas para retardar o pico da epidemia, achatando a curva da contaminação. "A medida de isolamento social reduz significativamente o número de casos. É o que aconteceu na China, que não registra mais nenhum caso de Covid-19, porque as pessoas estão em isolamento, estão dentro de casa, saindo apenas para fazer atividades essenciais e quebrar a corrente de transmissibilidade do vírus é sim a melhor medida no momento", elencou.
Dr. Nayro Ferreira frisa que as pessoas que são mais vulneráveis como idosos, portadores de doenças crônicas, os indivíduos que fazem alguma terapia onde os medicamentos reduzem seu sistema imunológico, devem entender que são o público-alvo, e devem, realmente, ficar em isolamento. A transmissão é muito mais fácil e a gravidade da doença é muito maior porque eles não têm uma defesa nata.
O médico ainda recomendou que aquelas pessoas que precisam trabalhar fora de casa e usar o transporte público devem tentar buscar reforçar a higienização e mudança de comportamento já que a doença se propaga em uma velocidade enorme. "A principal recomendação é a higienização das mãos. Entrou no ônibus, ao descer, utiliza álcool em gel nas mãos ou lavar com água e sabão. Se estiver com algum sintoma respiratório use máscara cirúrgica, que tem a validade de 4 horas e no trabalho não manter contato próximo com outras pessoas. A principal dica é reforçar a higiene e manter um isolamento social de verdade”, pontuou.
Trabalhe de casa: Home office é alternativa para fugir da crise
Com os efeitos danosos do novo coronavírus para a economia nacional e local, após a declaração de pandemia feita pela Organização Mundial da Saúde (OMS), empresas no Brasil e no mundo estão orientando seus funcionários a trabalhar de casa — o chamado home office. E segundo economistas a medida é fundamental já que os prejuízos podem ser ainda maiores se os negócios não pararem agora.
"No momento, a única alternativa para as empresas que possam fazer home office e teletrabalho é reorientar toda a sua produção, todo seu atendimento para esse tipo de atividade, pois é fundamental que haja o isolamento social. As empresas têm que contribuir para isso. Hoje existem vários mecanismos de prestação de serviços à distância que ajudam a operacionalizar isso, sendo uma forma de burlar a crise. É importante que as empresas mantenham e busquem essa alternativa para poder não zerar o seu faturamento, pois já vão sofrer um déficit devido à queda da demanda”, destacou o economista Eduardo Lima.
Para o economista, os prejuízos podem e devem ser maiores enquanto não houver uma certeza do controle da pandemia. Por ser um fenômeno ainda muito incerto não existe, até o momento, uma forma de medir os prejuízos a não ser que haja um fato de saúde pública muito fatídica que comprove isso nos próximos dias.
“Os impactos para a economia do Piauí, que já possui uma economia fragilizada é que o Estado em alguns setores, principalmente no varejo, que ainda não estão avançados tecnologicamente tenha um grande prejuízo, inclusive, com risco do fechamento de empresas que não tem possibilidade de inovar na questão do teletrabalho, do home office e do delivery”, descreveu.
Coronavírus: infecções acontecem pelo contato
O infectologista Carlos Henrique Nery reforça que as medidas de proteção contra o coronavírus devem ser seguidas à risca para evitar maiores danos ao sistema de saúde do Brasil. Somente o isolamento é capaz de diminuir o contato entre as pessoas e as consequentes infecções. No entanto, a boa notícia é que vírus não está no ar, voando livremente. Mas pode estar na sua mão ou roupas, daí a necessidade de redobrar a higiene e ficar em casa.
Quanto mais cedo houver conscientização do isolamento, menos casos haverão no Piauí e Brasil. Então ligue o videogame, assista um filme, leia livros, dê uma geral na casa e faça chamada de vídeo com os amigos. “O isolamento social reduz o grau de contato das pessoas. E o grau de contato é crucial nos modelos de disseminação de doenças, que funciona exponencialmente. Reduzir o contato reduz exponencialmente a doença. Quanto mais cedo isso for feito, uma vez que a transmissão no local é inevitável no mundo, isso será minimizado bastante. Por isso que o Piauí agiu tão corretamente em decretar o fechamento de escolas, universidades e medidas adicionais”, explica Carlos Henrique Nery.
Ao chegar em casa: lavar as mãos e botar a roupa para lavar
Um tabu que cai por terra: a doença não é transmitida pelo ar. “Excepcionalmente se alguém infectado espirrar ou tossir na frente de outra pessoa saudável. Fora isso, o vírus não está no ar. Não é preciso se preocupar em respirar o ar que alguém respirou. O mais adequado é lavar as mãos com água e sabão ou o uso de álcool gel em 70%. Além disso, evitar lugares aglomerados. Se isso não for possível, carregue na higienização das mãos. Não há necessidade de usar máscara no trabalho, na rua ou dirigindo automóveis”, revela.
Isso é importante de ser dito para que as pessoas entendam que devem deixar as máscaras cirúrgicas para quem realmente precisa. “Pessoas que não tem como deixar de trabalhar devem chegar em casa e higienizar as mãos, tomar um banho e trocar de roupa. Colocar a roupa para lavar. Água e sabão é fundamental, pois o vírus não resiste. São as melhores armas contra ele. A membrana do vírus é de gordura, que automaticamente se destrói com o sabão”, acrescenta o médico infectologista.
Piauí sai na frente do resto do Brasil no combate à doença
O médico explica que o Piauí saiu na frente no combate ao vírus em relação às medidas adotadas em nível nacional. “O Brasil negligenciou muito a situação, então acho que não temos um prognóstico positivo. Não deveríamos ter tido Carnaval. O presidente da república deu um péssimo exemplo [convocando manifestações no pico de infecções] que foi devastador. Vamos pagar caro pela inconsequência dele. Muita gente continua se reunindo, apesar dos números horrorosos da Itália. Não vejo com bons olhos a situação do país. Espero que os Estados que começaram as precauções de transmissão coletiva antes da transmissão presente tenham a transmissão litigada, como é o caso do Piauí”, aponta Carlos Henrique Nery.
No entanto, ainda há esperança. Na China foi zerada a contaminação comunitária, e o mesmo pode acontecer no Brasil. “É possível conter a epidemia com as medidas de redução de contato e precauções individuais de cada um. Se isso for feito, não só poderemos reduzir os casos como vamos achatar a curva em menor unidade de tempo. Vamos dar oportunidade de alcançar a tecnologia para o desenvolvimento de uma droga ou vacina. O conselho é: siga rigorosamente os protocolos, os profissionais de saúde principalmente. Os hospitais são foco não só de adoecimento, pois grande parte dos doentes são justamente os profissionais de saúde. Somos foco de disseminação. Os médicos não podem ser vítimas nem algozes da população”, finaliza o médico.