O presidente Jair Bolsonaro (sem partido) voltou hoje, em pronunciamento transmitido em rede nacional, a citar o emprego, mas mudou o tom e admitiu que o coronavírus "é uma realidade".
"O vírus é uma realidade. Ainda não existe vacina contra ele ou remédio com eficiência cientificamente aprovada, apesar da hidroxicloroquina parecer bastante eficaz", disse o presidente.
Em seu pronunciamento, o presidente falou novamente sobre sua missão: salvar vidas sem deixar para trás os empregos.
"Por um lado, temos que ter cautela e precaução com todos, principalmente com mais idosos e portadores de doenças. Por outro, temos que combater o desemprego, que cresce rapidamente em especial entre os mais pobres", afirmou.
Diferentemente do pronunciamento anterior, Bolsonaro em nenhum momento minimizou a gravidade da pandemia e, apesar de falar que se preocupa com os autônomos, não defendeu abertamente o isolamento parcial, como vinha fazendo.
Segundo o presidente, alegando que a quarentena para todos trará danos à economia, porém em reuniões com secretários estaduais, autoridades federais admitiram que não há um estudo para justificar este pensamento. Segundo um estudo feito por nos Estados Unidos e na Alemanha, o fim do isolamento não impediria a recessão econômica. Segundo os pesquisadores, o confinamento de fato aumenta o impacto na recessão econômica, mas tem o potencial de evitar 500 mil mortes só nos Estados Unidos.
O chefe do Executivo ainda listou medidas recomendadas pelo Ministério da Saúde e a Organização Mundial da Saúde (OMS), e foi mais comedido ao falar sobre a cloroquina e uma possível cura para o coronavírus.
Citando declarações do diretor-presidente da OMS, Tedros Ghebreyesus, o presidente lembrou a importância das medidas de prevenção para a pandemia e disse que precisamos pensar nas pessoas "mais vulneráveis".
"O que será do camelô, do ambulante, do vendedor de churrasquinho, da diarista, do ajudante de pedreiro, do caminhoneiro e dos outros autônomos com quem venho mantendo contato durante minha vida pública?" disse Bolsonaro.
Bolsonaro (sem partido) foi alvo de novos protestos durante o pronunciamento. Moradores de várias cidades do Brasil foram às janelas para bater panelas e pedir a saída de Bolsonaro da Presidência.
Ele voltou a distorcer uma declaração do diretor-geral da OMS (Organização Mundial da Saúde), Tedros Adhanom, para defender o afrouxamento das políticas de distanciamento social, defendidas também pelo seu ministro da Saúde, Luiz Henrique Mandetta.
(Por: UOL)