Um levantamento do grupo ModCovid19, uma iniciativa do Instituto Serrapilheira em parceria com o Centro de Ciências Matemáticas Aplicadas à Indústria (CeMEAI),aponta que a campanha de imunização contra a Covid-19 no Ceará pode ser finalizada no dia 31 de julho de 2023.
O estudo liderado por pesquisadores de universidades brasileiras traz dados de quando será concluído o esquema vacinal de cada região do Brasil, a partir da observação do ritmo de aplicação das doses por dia.
O levantamento iniciou em 17 de maio e teve com base nos dados do Governo Federal, por meio da plataforma OpenDataSUS. O grupo apresenta quantas vacinas já foram aplicadas, quantas pessoas tomaram a 1ª dose, quantas tomaram a segunda e calcula o ritmo com que a vacinação ocorre naquele local. Para as previsões, os pesquisadores utilizam um modelo matemático que calcula a média da quantidade de vacinas aplicadas na segunda dose e o ritmo de aplicação nos últimos 30 dias na região. Ao fim, o resultado indica a projeção do final da vacinação, seja no município, estado ou País.
Segundo o jornal O Povo, no caso do Ceará, conforme o painel do ModCovid19, foram aplicadas 2 milhões de doses desde o início da vacinação, em 18 de janeiro deste ano. Conforme o balanço do ModCovid19, atualizado na última segunda-feira, 31 de maio, o ritmo de aplicação no Ceará é de 8.249 doses por dia em relação à primeira dose (D1) e 5.627 na segunda dose (D2), o que prevê o fim da vacinação em dois anos, um mês e 29 dias.
Cada previsão é atualizada de acordo com a chegada de novas vacinas nos municípios e com o ritmo de aplicação das doses; o aumento ou a diminuição do prazo da vacinação depende da quantidade de imunizantes que cada região possui. Ao todo, o Ceará contabiliza 4 milhões de doses que chegaram ao Estado no período de quatro meses, com 30 lotes de vacinas entregues pelo Ministério da Saúde, no Plano Nacional de Imunização (PNI) contra a Covid-19. A população segue recebendo doses de três vacinas: CoronaVac/Instituto Butantan, Oxford/Astrazeneca e Pfizer/BioNTech.
O pesquisador do ModCovid19 Krerley Oliveira, coordenador do Laboratório de Estatística e Ciência dos Dados da Universidade Federal de Alagoas (UFAL), explica que a plataforma busca ajudar os gestores municipais no enfrentamento da pandemia, além de poder disponibilizar à população uma transparência sobre a vacinação nos municípios. “O nosso objetivo com a plataforma é oferecer, aos gestores municipais e à população, dados importantes do processo de vacinação para que eles possam acompanhar o que vem ocorrendo no município. A ferramenta pode ser importante também para moradores de cidades pequenas, por exemplo, que não têm muitas informações sobre a vacinação na região”, destaca Oliveira.
Ainda conforme o pesquisador, a projeção pode diminuir em pouco tempo, à medida que há vacina no País. O prazo do fim da campanha está relacionado, principalmente, à falta de imunizante, e não necessariamente ao ritmo de vacinação. “Não vejo o ritmo lento de aplicação no Ceará. O que foi distribuído está muito próximo em relação ao que foi aplicado, não há uma distância grande de quantidade. O Sistema Único de Saúde (SUS) tem capacidade para vacinar rapidamente a população”, aponta Krerley.
Dentre os 184 municípios cearenses, cada cidade possui uma data final de vacinação considerada preocupante. Destacam-se os municípios de Crateús, Quixadá e Camocim, onde a plataforma projeta o fim da imunização para além de 2025.
Rapidez para gestores
Outro ponto que os pesquisadores apontam é que a plataforma poderá ajudar na tomada de decisão em políticas públicas municipais e estaduais, alertando caso alguma localidade perceba que muitas pessoas não tomaram a segunda doses.
No acompanhamento da vacinação contra a Covid-19 pela Secretaria da Saúde do Ceará (Sesa), por meio da plataforma Vacinômetro, há uma diferença entre os dados da pasta com os consolidados na plataforma do Governo Federal. A plataforma estadual indica o total de 2.852.271 doses aplicadas no Ceará, conforme última atualização nessa quarta-feira, 2 de junho. Em comparação com os dados do Governo Federal, no qual foi registrado 2.204.410, há uma déficit de 647 mil doses não registradas.
Em relação às aplicações da primeira dose e segunda dose, a Sesa aponta 1,7 mil (D1) e 1.090.361 (D2), respectivamente. A diferença com o OpenDataSuS são de 1.442.316 na primeira dose e 762.094, na segunda dose, onde 319 mil e 328 mil doses, respectivamente, não foram registradas na plataforma do Ministério da Saúde (MS). Para o repasse dos dados da campanha de vacinação contra a Covid-19 de estados e municípios ao Ministério da Saúde, as secretarias estaduais utilizam a Rede Nacional de Dados em Saúde (RNDS), do órgão federal.
O POVO procurou o Ministério da Saúde para explicar sobre a divergência dos dados na vacinação do Ceará, mas o órgão não respondeu até o fechamento desta matéria.
Ceará em busca de vacinas
O governador do Ceará, Camilo Santana (PT), assinou a lei, aprovada pela Assembleia Legislativa do Ceará (AL-CE), que permite a compra de 5,8 milhões de doses da vacina russa Sputnik V contra a Covid-19. Mas a Anvisa inada não liberou uso emergencial da vacina.
*com informações do O Povo.