Técnica pode resolver falta de ventiladores mecânicos no Piauí

Pesquisadores do Piauí vão testar em animais uma técnica para uso de ventiladores mecânicos por até quatro pacientes.

Teste vai verificar uso compartilhado de ventilador mecânico | Divulgação
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Diante da escassez de leitos e equipamentos para tratamento de pacientes com Covid-19, pesquisadores da Universidade Federal do Piauí (UFPI) estão realizando um estudo que pode ser a solução para a falta de ventiladores mecânicos. O professor Caio Damasceno, docente do curso de Engenharia Elétrica da UFPI e seus orientandos de graduação desenvolveram uma técnica para uso de ventiladores mecânicos por até quatro pacientes ao mesmo tempo.

Os pesquisadores já realizaram testes em pulmões artificiais na Maternidade Dona Evangelina Rosa, agora, o ventilador compartilhado será testado em quatro ovinos no Hospital Veterinário Universitário da UFPI na fase que antecede os testes em humanos. O ventilador compartilhado já foi testado em dois animais e os resultados foram animadores. 

“As nossas expectativas são as melhores, porque no piloto já conseguimos ver que o sistema funciona perfeitamente e conseguimos controlar os parâmetros ventilatórios individuais. Como no teste com dois animais obtivemos resultados muito bons, estamos muito confiantes para o teste com quatro animais”, destacou o professor. O teste com quatro animais será feito na sexta-feira, dia 30 de abril de 2021, a partir das 10h. 

A médica veterinária e professora do Departamento de Biofísica e Fisiologia Waldilleny Ribeiro de Araújo Moura, coordena essa fase do projeto que tem como objetivo observar se o sistema de ventilação é adequado para os pacientes. O projeto foi aprovado pelo Comitê de Ética Animal e atende a todas as especificidades para garantir segurança, conforto e bem-estar aos animais. Segundo a professora, os ovinos possuem a capacidade pulmonar e peso parecidos com os humanos.

“Vamos reproduzir o procedimento quando o paciente Covid- 19 necessita ser intubado para iniciar a ventilação invasiva. Será realizada a sedação e indução dos animais para que permitam a intubação, em seguida serão mantidos anestesiados para que seja possível ventilá-los durante 12 horas contínuas. Durante o experimento, serão ajustados os parâmetros ventilatórios individualmente, demonstrando a possibilidade de manter padrões ventilatórios diferentes para suprir a demanda de cada paciente”, informou a professora Waldileny Moura.

Estarão envolvidos nessa etapa os professores dos Centros da Saúde e do Centro de Ciências Agrárias; o professor e coordenador do Biotério do Colégio Técnico de Teresina, Antônio de Sousa Júnior; a diretora do HVU, Taciana Galba da Silva Tenório; os médicos veterinários e preceptores do HVU Erica Emerenciano Albuquerque da anestesiologia e Breno Curty Barbosa da terapia intensiva; e a equipe coordenada pelo professor Caio Damasceno, formada por Matheus Prado, Aylson Leal, Miguel Leocardio, Yasmin Berci e Luan Bezerra.

Ventilador compartilhado será testado agora em quatro ovinos no Hospital Veterinário | FOTO: Divulgação

Ampliação da capacidade de atendimento

Desde o ano passado, os pesquisadores aguardavam o acesso às substâncias que compõem o chamado kit intubação e que permitiriam dar prosseguimento aos testes. Com os resultados positivos nos testes em animais, a professora Waldilleny Moura projeta um cenário com maior capacidade de atendimento aos pacientes com Covid-19. 

“Se realmente os nossos resultados forem satisfatórios e após a publicação, os estudos vão prosseguir para humanos, o que será excelente, principalmente nos estados que têm um número reduzido de respiradores e que terão a possibilidade de ampliar a quantidade de pacientes com o uso de apenas um respirador”, frisa.

Produção de ventiladores mecânicos

O professor Caio Damasceno destacou que esse é um projeto para situações de urgência e emergência, quando não há mais ventiladores disponíveis, e com a validação dos resultados, o grupo pretende produzir algumas unidades para caso da situação ficar mais crítica e faltar ventiladores. O professor já está preparando a documentação necessária para o órgão responsável pela aprovação e autorização para distribuição comercial. “Pensamos em, depois de validado, produzir as unidades sob demanda dos gestores hospitalares e conseguir contribuir para a redução nessa crise geral causada por essa pandemia”, finaliza.

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