A pandemia do novo coronavírus acentuou o TOC de muita gente, que passou a higienizar todas as suas compras freneticamente, não se separar do álcool gel, evitar delivery, lavar o cabelo várias vezes ao dia e trocar de roupa a cada momento em que saísse de casa.
Você se identificou com esse comportamento? Saiba então que, mais importante que limpar as superfícies de contato, é ventilar os ambientes.
Isso porque, de acordo com o Centro de Controle e Prevenção de Doenças (CDC, na sigla em inglês), agência de saúde pública dos Estados Unidos, a chance de o contato de uma pessoa com uma superfície contaminada pelo coronavírus resultar em uma infecção é menor que 1 em 10 mil.
Essa é uma constatação que alguns pesquisadores vêm afirmando desde o ano passado e, agora, foi atualizada pela agência, que reconheceu como baixo o risco de transmissão por superfícies.
"É possível que as pessoas sejam infectadas pelo contato com superfícies ou objetos contaminados, mas o risco é geralmente considerado baixo."
RISCO DE TRANSMISSÃO AÉREA
Se comparado ao risco de transmissão com contato direto, transmissão por gotículas ou transmissão aérea, o risco de transmissão do SARS-CoV-2 por superfície "é considerado baixo.
Já o risco de transmissão aérea está diretamente relacionado a fatores como ventilação, quantidade de pessoas no mesmo ambiente, tempo de exposição e uso de máscaras.
Para a epidemiologista Adélia Marçal dos Santos, especialista na dinâmica de transmissão de doenças infecciosas e professora de Medicina da Universidade Municipal de São Caetano do Sul, a dificuldade de admitir a transmissão aérea do vírus dificultou a contenção da doença
DEBATE
A atualização da agência dos EUA abriu um debate sobre a importância da higienização de superfícies e compras quando comparadas a outras medidas preventivas, já que, pelo comportamento da população, há um foco na limpeza das superfícies, enquanto cuidados pela transmissão do ar sempre ficaram em segundo plano.