Sobrepeso, sedentarismo, consumo de álcool e de cigarro, maternidade depois dos 30 anos... O crescimento de casos de câncer de mama – o segundo mais comum no Brasil, perdendo apenas para o de pele – tem tudo a ver com o nosso estilo de vida. Claro que a herança genética também tem culpa no cartório.
Sozinha, porém, ela representa a minoria dos casos, como explica Giselle Mello, gerente médica do Fleury Medicina e Saúde, especializada em saúde da mulher e mamografia. Ela faz alertas importantes sobre a doença que irá ser diagnosticada em 60 mil brasileiras apenas este ano, segundo dados do Ministério da Saúde. Confira!
1. Somente em 10% dos casos o câncer de mama é hereditário.
O câncer de mama é resultado de mutação genética, que pode ser herdada (ocorre em famílias com muitos casos da doença) ou espontânea (relacionada a alterações químicas no organismo e ao estilo de vida). Cerca de 90% das mulheres que desenvolvem esse tumor não têm parentes próximos com o mesmo problema. Por isso, todas nós temos que ficar atentas! Por meio do diagnóstico precoce, as chances de cura chegam a 95% dos casos.
2. Basta estar alguns quilos acima do peso para entrar no grupo de risco.
A cada aumento de cinco pontos no IMC (Índice de Massa Corporal), por exemplo, cresce em 33% o risco da doença. A explicação para isso é que a gordura também metaboliza o estrógeno, hormônio intimamente ligado à doença (ele intensifica a velocidade da multiplicação das células mamárias, e, nesse processo, podem surgir células anormais). Um estudo feito nos Estados Unidos com mulheres que engordaram de 10 a 20 quilos na fase adulta descobriu que elas tinham 60% mais risco de câncer de mama após a menopausa do que as que ganharam pouco ou nenhum peso durante esse período. Mas dá para reverter: quando a mulher emagrece e consegue permanecer magra, mesmo depois menopausa, o risco caí. O melhor, porém, é evitar o efeito sanfona e se manter sequinha, sempre!
3. Mamas densas inspiram mais cuidados.
Seios mais firmes ganham na estética, mas ficam em desvantagem na hora do diagnóstico. A densidade do tecido mamário pode atrapalhar a identificação das imagens: ele é esbranquiçado, assim como os nódulos. Já a gordura se caracteriza pelas áreas escuras. A boa notícia: surgiu uma nova tecnologia, chamada tomossíntese, capaz de elucidar um diagnóstico impreciso mesmo em mulheres jovens e com mamas densas.
4. Silicone não provoca câncer, mas pode dificultar o diagnóstico.
Por isso, a recomendação é que, na mamografia, sejam feitas oito radiografias -- e não quatro, como é o habitual --, o que deixa o processo mais longo e, verdade seja dita, dolorido. Exames complementares, como o ultrassom e a ressonância magnética, também podem ser solicitados.
5. O exame clínico deve ser feito regularmente pelo médico.
Segundo a Sociedade Brasileira de Mastologia, a mamografia deve ser anual a partir dos 40 anos (para quem não tem histórico familiar). A data não é aleatória, claro – apenas 5% dos casos acontecem antes dessa idade. Isso não significa que está livre de exames periódico. Você deve solicitar ao ginecologista ou ao mastologista a realização do exame clínico das mamas. Importante: o autoexame não substitui o feito no consultório -- serve apenas para o autoconhecimento. E também para que procure rapidamente um especialista, caso identifique alguma alteração.
6. Caroços nas axilas também são suspeitos.
Não é apenas na mama que aparecem sinais clínicos, a região das axilas deve estar no radar e qualquer alteração pode servir como alerta. Mas, assim como nos casos da mama, um caroço não necessariamente significa câncer. Grande parte dos nódulos mamários são benignos. De qualquer forma, qualquer alteração é motivo suficiente para que você procure seu médico rapidamente. Quanto mais cedo é descoberto um tumor maligno, menos agressivo será o tratamento e maior a chance de cura.
7. Menstruação precoce e maternidade tardia são fatores de risco.
Quem menstrua antes dos 12 anos ou é mãe depois dos 30 anos tem maior probabilidade de desenvolver a doença. O mesmo vale para mulheres que não têm filhos ou entraram na menopausa tardiamente. Em todos esses casos, a explicação é a mesma: a maior exposição ao estrógeno, intimamente ligado ao câncer de mama. Por outro lado, ser mãe antes dos 30 e amamentar são fatores de proteção.
8. Cuidado na balada: álcool, aqui, é 100% vilão.
Ainda que tenham sido encontrados albenefícios da bebida em doses módicas para algumas doenças (as do coração, por exemplo), para o câncer de mama, não existe nada de bom. Apenas um drinque por dia aumenta o risco entre 15 e 20%. Beber é ainda pior até os 20, 20 e poucos anos, quando o tecido mamário em desenvolvimento é mais suscetível aos efeitos nocivos do álcool. Quem está mais vulnerável à doença – casos na família, histórico de sobrepeso, menstruou muito cedo – deve considerar não beber. Simples assim.
9. Mantenha o stress sob controle.
Nosso organismo tem o poder de detectar e combater as células anormais. O soldado em questão é a proteína P53. Mas o excesso de stress e a falta de sono prejudicam a ação dela. Resultado: as células defeituosas se multiplicam, gerando o câncer. A prática de atividades físicas é um poderoso antídoto contra o stress e ajuda a regular o sono. Malhe!
10. Aposte nas vitaminas in natura.
As vitaminas antioxidantes (A, C e E), o ácido fólico e o selênio estão entre os micronutrientes mais investigados na atuação preventiva contra tumores na mama. Mas vale ressaltar a importância em consumi-los frescos. Isso porque as vitaminas dos suplementos nem sempre são completamente absorvidas pelo organismo. Algumas boas fontes: frutas vermelhas e cítricas (antioxidantes); espinafre, lentilhas e feijões (ácido fólico); castanha do Para, salmão e semente de abóbora (selênio).
11. O câncer de mama é bem mais comum a partir dos 50, mas os estragos começam muito antes.
Os maus hábitos que estão ligados à doença – excesso à mesa, sedentarismo, stress, bebida, cigarro – afetam a saúde a partir do momento que são iniciados. O organismo “acumula” essas agressões e um dia, cobra o conta. No caso do cigarro, por exemplo, um estudo norueguês recente feito com 300 mil mulheres conclui que as que fumavam na juventude, 10 anos antes da primeira gestação, tinham risco 60% maior de câncer de mama em comparação com aqueles que nunca fumaram. É importante você saber que as medidas preventivas, apesar de fundamentais não afastam totalmente o risco da doença. Mesmo assim, vale a pena adotá-las. Alguém duvida?