Que tipo de destino você gostaria de dar ao seu corpo após a morte? Nós temos várias dicas, uma delas é ser peça de museu. Criador da plastinização – uma técnica que substitui os líquidos do corpo por uma resina que o preserva por até 10 mil anos -, o anatomista alemão Gunther von Hagens usa os cadáveres, não como obras de arte, mas para ensinar anatomia. Exibidos em museus de todo o mundo, inclusive no Brasil, eles já atraíram 12 milhões de curiosos.
Outra dica: ser congelado. O corpo pode ser congelado a uma temperatura de -196º Celsius através de uma técnica chamada criogenia. Assim que a pessoa morre, o corpo é congelado a uma temperatura de 0º Celsius para evitar a proliferação de bactérias. Em seguida, ele recebe uma injeção de substâncias anticoagulantes para desobstruir os vasos sanguíneos. O sangue é substituído por substâncias que ajudam a proteger as células. A partir daí, é congelado gradualmente numa câmara de gelo seco e mergulhado no hidrogênio líquido, onde pode ser eternamente mantido. Por enquanto apenas 100 pessoas foram congeladas na esperança de que possam ser ressuscitadas um dia.
E que tal usar seu corpo para pesquisas científicas? Quase todas as universidades e faculdades de medicina aceitam a doação. Você pode seguir o exemplo de uma paulistana morta recentemente por atropelamento. Em seu testamento, ela pediu que seu corpo fosse doado para pesquisas, desejo que foi realizado sem questionamento pelos familiares.
Se não quiser “passar a eternidade” em um laboratório, você pode… digo, seu corpo pode ir para uma pista de testes de automóveis. Lá os cadáveres são atropelados, jogados sobre automóveis em movimento e colocados em carros prestes a bater em alta velocidade. Tudo para garantir a segurança dos automóveis. Segundo os engenheiros da Universidade Estadual de Wayne, Michigam, que conduz as pesquisas, 147 vidas são salvas para cada cadáver utilizado no aperfeiçoamentos de airbags.
Outra opção não menos estranha: usar o corpo para testar a eficiência de coletes a provas de balas. Algumas instituições utilizam cadáveres humanos para pesquisar o impacto de balas no corpo e para criar mecanismos que não só ajudam a proteger vidas, como a matar.
Por último, você pode muito bem ser um “morto abandonado”. A causa é aparentemente nobre. Pesquisadores forenses abandonam cadáveres dentro de automóveis, encostados em pedras e deitados na grama só para vê-los apodrecer. Eles querem entender quanto tempo um corpo demora para se decompor, como ocorre o processo de decomposição e quais os estágios dos insetos que se alimentam dele. Dessa forma, pretendem ajudar na solução de crimes.
Se quiser ir para o espaço depois de morto, contrate a empresa norte-americana Celestis. Ela envia suas cinzas para dar uma voltas no vácuo por apenas US$ 995 a grama. Sete gramas é um pouco mais caro: US$ 5 300. As cinzas irão para o espaço de carona em foguetes russos lançados no Cazaquistão.
Agora, se você deseja virar uma transparente e reluzente pedra preciosa depois de morto, contrate os serviços da suíça Algordanza. A empresa é especializada em transformar cinzas humanas em diamantes. Primeiro, a cinza é transformada em carbono e depois, em grafite. Submetido a uma temperatura de 1 700º Celsius, o material vira diamante num período de quatro a seis semanas. Na natureza, o processo levaria milhões de anos.
Se quiser, a funerária norte-americana Anderson-MacQueen pode liquefazer o seu corpo. Chamado de resomação ou biocremação, esse processo consiste em dissolver o cadáver numa mistura de hidróxido de potássio e água aquecida. Sobram apenas os ossos, que são triturados nos mesmos moldes dos utilizados pelos crematórios e entregues numa urna para a família. A vantagem é que, ao contrário da cremação, ele não joga poluentes na atmosfera.
Os enterros ecológicos há muito viraram moda nos Estados Unidos. Algumas empresas oferecem opções de enterro sem caixão ou com caixão biodegradável. A empresa Natural Burian Company importa os caixões biodegradáveis da Europa e realiza o enterro da forma mais “verde” possível. Os preços são menores do que os de uma caixão comum, que nos Estados Unidos podem custar até US$ 8 mil.
E que tal virar árvore? O projeto italiano Capsula Mundi propõe enterrar o cadáver em posição fetal numa cápsula, que é enterrada debaixo de uma árvore escolhida com antecedência pela própria pessoa – em testamento, obviamente – ou pela família. As cápsula são feitas com materiais biodegradáveis, que não poluem o meio ambiente. Ao se desfazer, o corpo serve de adubo para a árvore. Ao invés de derrubar árvores para fazer caixões, o Capsula Mundi utiliza caixões para fazer árvores.
Comum no antigo Egito, a mumificação está totalmente fora de cogitação nos dias atuais. Não para os seguidores da organização religiosa Summum, que preferem que seus corpos sejam mumificados. A esperança é de que o DNA seja preservado, para que elas possam ressuscitar através de algum método científico do futuro. Mais de 1 400 pessoas já escolheram essa opção.
Imagem acima: corpo que sofreu processo de plastinização em exposição do anatomista Gunther von Hagens.