Com a segunda maior densidade populacional de cobras do mundo, a Ilha da Queimada Grande, localizada entre Itanhaém e Peruíbe, no litoral de São Paulo, é uma área de acesso restrito, permitida apenas para pesquisadores e profissionais da área ambiental. O biólogo Eric Comin, que já visitou a unidade de conservação várias vezes, afirmou que não retornaria ao local.
"São muitas serpentes. A partir do momento que você começa a subir a mata, que é fechada, para onde você olha, vê algumas serpentes. Em cima, no tronco [sobre] sua cabeça, ao lado, só que elas são extremamente tranquilas", disse.
O biólogo relatou que, durante as expedições à Ilha da Queimada Grande, um especialista que acompanha o grupo é responsável por abrir o caminho, retirando as cobras do chão para que os pesquisadores possam caminhar. "Ele espanta as cobras do chão, vai tirando elas para o pessoal passar", explicou.
Ele também mencionou que, nas expedições, os pesquisadores ficam alguns dias na ilha, levando equipamentos, água e outros suprimentos. As cobras, segundo ele, não são agressivas: "Elas são bem tranquilas, não vêm para cima da gente, elas só te olham. Essa troca de olhares é bem interessante."
O biólogo compartilhou que chegou a ficar bastante próximo das cobras, inclusive da jararaca-ilhoa, uma espécie venenosa que só existe naquela ilha: "É superlegal, uma experiência bem bacana, mas também é sinistro. É um animal lindo de ver, realmente impressionante."
Eric contou que demorou para ganhar coragem para desembarcar na ilha e participar de uma expedição, mas que, embora tenha superado esse desafio, hoje ele não teria mais a mesma necessidade de retornar. "Já desembarquei, mas acho que hoje não tenho mais necessidade [...]. Porém, se me convidarem para mergulhar, vou com certeza", disse.
Ele ressaltou que o acesso à ilha é restrito, mas que o mergulho nas águas ao redor é permitido. "A serpente não vai para a água, e mesmo estando perto do costão rochoso da ilha, você não consegue ver as cobras. Para vê-las, é necessário desembarcar na ilha."
"Elas são extremamente terrestres, a adaptação delas é terrestre, elas não são animais aquáticos, então assim, não tem nenhum tipo de risco em relação ao mergulho e serpentes", complementou.
Para o biólogo, a Ilha da Queimada Grande é "um verdadeiro hotspot [uma região natural com uma grande biodiversidade e em risco de extinção] de conservação". "É um dos melhores pontos de mergulho do estado de São Paulo [...]. Ali é rota de espécies migratórias".
Eric afirmou que no entorno da ilha são encontradas raia-manta, raia-chita, raia-prego, raia-borboleta, além de uma diversidade de peixes e de corais. "A gente tem uma diversidade de peixes totalmente incrível, tem tartarugas, é rota de baleias".