A vila de São José da Marinha de Ararapira, na divisa do Paraná com São Paulo, já foi um entreposto comercialmente importante e parada obrigatória para viajantes e negociantes. O vilarejo foi fundado no século 18 pela coroa portuguesa, teve uma vida social agitada durante mais de cem anos, porém começou a decair na primeira metade do século 20.
Até os anos 1920, a cidade era paulista, mas foi transformada em território paranaense por decreto. O bairrismo de alguns moradores fez com que saíssem dali para fundar a vila de Ariri, no município paulista de Cananéia.
Para piorar, a construção de um canal, nos anos 1950, fez com que a vila, agora ilhada pelas águas, começasse a sofrer com a erosão, que avança cada vez mais e faz as construções ruírem. Foi o que bastou para o abandono total de Ararapira, hoje distrito do município de Guaraqueçaba.
A vila revive seus dias de glória todos os dias 19 de março, quando ali é comemorado o Dia de São José, padroeiro do local, na igrejinha do século 18. O cemitério, mantido pelos moradores de vilas vizinhas, ainda é usado para sepultar pessoas da região.
Lendas e mistérios de Ararapira: Programas sensacionalistas de televisão despertaram o interesse dos turistas pela vila, onde só é possível chegar de barco. Os visitantes sentem-se atraídos por lendas macabras antigas ou mesmo as inventadas por “repórteres”.
Uma mulher fantasma vestida de branco, acenando para as embarcações que se aproximam, é um dos fenômenos narrados pelos supersticiosos. Espíritos de crianças que abandonam seus túmulos, o cheiro de sangue na trilha que leva ao cemitério, gemidos vindos das celas da delegacia e o sino da igreja que badala sozinho são outros relatos comuns, muitos deles alimentados pelos barqueiros que levam os turistas à cidade abandonada.