Em entrevista ao jornal O Globo, Glória Perez contou como tirou forças para voltar a escrever a novela De Corpo e Alma após o assassinato da filha, Daniella Perez, por um de seus colegas de cena, Guilherme de Pádua. Eu não voltei no dia seguinte, mas 15 dias depois. Voltei a escrever para continuar vivendo. Quando isso aconteceu, eu me lembrei da lição de um professor por quem eu tinha muito afeto. Ele foi preso e torturado na época da ditadura e dizia para a gente que nessas situações ou você enlouquece, ou mantém um pé na realidade. O pé na realidade dele era uma caixa de fósforos que havia na cela. Todo dia ele contava os palitos, e esse era o seu vínculo com o mundo real. Fiz dos capítulos a minha caixa de fósforos. Ou me acabava, ou me mantinha em pé. E tinha que ficar em pé. Terminei a novela de qualquer jeito, com esse vínculo de escrever o capítulo e sair correndo atrás de testemunha, de tudo que tinha que resolver nesse caso. Escrevi pela técnica, a cabeça não estava lá. Sei lá como, Deus sabe. Porque senão eu ia bater a cabeça na parede e aquilo me prendia ao real, no cotidiano, contou ela.