Conhecida também como gordura vegetal hidrogenada, a gordura trans é utilizada para melhorar o aspecto e a crocância de alguns alimentos industrializados, além de ajudar a conservá-los, aumentando o prazo de validade. Segundo a Organização Mundial da Saúde (OMS), ao eliminar este ingrediente em todo o mundo seriam evitadas 500 mil mortes ao ano. Isso porque, de acordo com estudos, a gordura trans aumenta o colesterol ruim e reduz o colesterol bom, elevando o risco de infarto e AVC.
Diante disso, a Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa) aprovou resolução para eliminar até 2023 a gordura trans dos alimentos industrializados no Brasil. Para esclarecer a população, a Associação Brasileira de Embalagens de Aço (Abeaço) destaca que frutas, legumes, vegetais e pescados enlatados não levam gordura trans em seu preparo. “As conservas em lata são alimentos minimamente processados, ou seja, alimentos in natura que, dentro da lata, têm seu prazo de validade estendido devido ao processo de esterilização a que são submetidos”, explica a engenheira de alimentos Thais Fagury, presidente executiva da Abeaço.
Bons exemplos, de acordo com a engenharia de alimentos, são o milho, a ervilha e a seleta de legumes, vegetais enlatados tão consumidos pelas famílias brasileiras. Na maior parte das vezes, esses produtos são envasados a frio, ou seja, após colhidos no campo, seguem diretamente para a fábrica, são higienizados, colocados dentro da lata com salmoura (água e sal) e um conservante natural, como o ácido ascórbico e o ácido cítrico, também encontrados no limão e no vinagre. A lata então é fechada e segue para uma autoclave (espécie de forno).
“O vegetal é cozido dentro da própria lata e o longo prazo de validade é explicado pelo fato dela ser inviolável e não permitir a entrada de luz, o que descarta a oxidação do alimento”, explica Thais, destacando que não há necessidade de adição de qualquer conservante químico para garantir o prazo de validade de até cinco anos, muito menos de gordura trans.
Thais Fagury explica ainda que já há tecnologias disponíveis no Brasil que dispensam até mesmo a salmoura (água com sal). “O alimento é cozido no vapor, dentro da lata, o que reduz a adição de sódio”. Uma variação no processo de produção de enlatados é o envase a quente, no qual o alimento é cozido e só então segue para a lata esterilizada, sendo então lacrado. “Mas os fundamentos da esterilização são os mesmos e também não é necessária a adição de conservantes químicos”, ela destaca.
Outros exemplos são a sardinha e o atum em lata, proteínas que estão entre as mais acessíveis à mesa dos consumidores do País. “O pescado fresco é higienizado e colocado dentro da lata, com ervas aromáticas, óleo, azeite, molho de tomate ou água e sal, dependendo da receita. Depois a lata é fechada e segue para a autoclave”, explica. A sardinha e o atum em lata, além de não terem gordura do tipo trans, são ricas em Ômega-3, um ácido graxo benéfico à saúde cardiovascular. “Ou seja: enquanto a gordura trans, de acordo com estudos, eleva os riscos de infarto e AVC, os pescados em lata ajudam a prevenir esses problemas de saúde”, destaca a engenheira de alimentos.
Não ter gordura trans, no entanto, não é o único benefício dos alimentos enlatados. “O sabor, as vitaminas, os minerais, as proteínas e tudo que existe de saudável são mantidos dentro da lata e o alimento continua fresquinho e saboroso. Além disso, seu processo de fabricação destrói os microorganismos e elimina em 99% os resíduos de pesticidas”, esclarece Thais. A lata de aço oferece uma resistência que não se compara a nenhuma outra embalagem e, por não precisar de refrigeração, ainda ajuda a economizar energia.