Não é fácil ser mulher em um mundo com recordes de feminicídio e onde a cultura do estupro é praticamente institucionalizada. Justamente, por conta disso, talvez algumas alternativas estejam surgindo nos relacionamentos – mesmo nos relacionamentos casuais de apenas uma noite. No entanto ainda não se sabe se estas alternativas ajudam ou atrapalham. Um aplicativo chamado LegalFling é um desses casos.
Digamos que você conheceu alguém em um bar, vocês se dão bem e querem ir juntos para um motel. Para garantir que o sexo que deseja ter é consensual, tudo o que você faz é abrir o aplicativo e enviar uma solicitação como você faria com uma mensagem no Whatsapp. Além disso você define tudo o que quer ou não na hora do sexo pelo próprio app.
Se a pessoa receber um pedido no LegalFling e pressionar ‘aceitar’, o aplicativo afirma que você e a outra pessoa entraram em um contrato juridicamente legal se um dos dois violarem esse contrato, por exemplo, compartilhando sex tapes online ou mentindo informações sobre DST, pode acabar em um tribunal.
Os contratos também podem ser usados em relacionamentos de longo prazo, com usuários capazes de adicionar uma duração infinita ou somente poucas horas. Também é possível acrescentar itens como BDSM e ‘linguagem explícita’ – tudo pode ser selecionado antecipadamente como uma maneira de comprovar o conhecimento legal do que está sendo acordado entre o casal.
Olhando a ideia por um outro ângulo, é possível encarar o aplicativo com alguns pés atrás. Uma vez ‘assinado’ o tal contrato quem garantiria a segurança das mulheres em um encontro que por ventura se tornasse violento? Tanto existe esta preocupação que, na própria página da ferramenta, uma das perguntas de sua FAQ é “vocês estão promovendo a cultura do estupro?”.
De qualquer forma, o aplicativo ainda está sujeito à aprovação da Apple e do Google para ser lançado.