Segundo relatos de um hospital da Flórida, nos Estados Unidos, um homem não identificado de 43 anos, acabou indo parar na sala de emergências médicas devido a uma combinação alimentar com cocaína. Ele havia ingerido o fígado do baiacu, também conhecido como Fugu. O alimento é considerado uma iguaria no Japão. Porém, o preparo da refeição passa por uma série de cuidados. O fígado desse peixe contém uma enorme concentração de um veneno mortal, conhecido como tetrodotoxina (TTX). Quando ingerido, essa poderosa neurotoxina causa paralisia.
"O baiacu é algo que você não simplesmente pega e come", disse Zane Horowitz, diretor médico do Oregon Poison Center. "Existem chefs no Japão que passam por anos de treinamento sobre como preparar adequadamente o peixe para não matar seus clientes". Horowitz não esteve envolvido no atendimento do homem.
A tetrodotoxina chega a ser 1.200 vezes mais tóxica do que o cianeto. Uma dose menor do que uma colher de chá da substância pode matar uma pessoa. Depois de ingerido, o TTX bloqueia os canais de sódio voltagem-dependentes, existentes nas membranas das células nervosas. Uma vez que essas células nervosas estão bloqueadas, nossos músculos não conseguem mais se contrair.
Os sintomas da intoxicação pela TTX variam desde formigamento, dormência, tontura e náusea. Há casos que incluem fraqueza muscular, dificuldades para respirar, paralisia e até mesmo a morte. Não existe antídoto para a neurotoxina. Portanto, os médicos, ao receberem pacientes intoxicados, geralmente, os colocam em ventiladores mecânicos par ajudá-los a respirar, até que o seu organismo elimine a substância.
O caso do homem, cuja identidade não foi revelada, era bem mais complexo do que apenas uma pessoa intoxicada pela TTX. Ele havia ingerido cocaína e com frequência consumia alimentos enlatados. Isso fez com que os médicos questionassem se o botulismo alimentar também não estava em jogo.
Ao chegar no hospital, a pressão do paciente estava bastante alta. Muito provavelmente, acentuada pelo uso da cocaína. Além de apresentar um quadro de problema renal crônico. O homem vomitou, estava fraco e tinha muita dificuldade para falar. Ele também reclamou de dores no estômago, no peito e relatou que suas pernas estavam dormentes. Sua avó, que também comeu do baiacu, também foi atendida no hospital. Entretanto, a idosa havia ingerido uma porção menor do peixe e apresentou sintomas mais leves. Entre os transtornos, a senhora lidou com certa tontura e fraqueza nas pernas.
Imediatamente, a equipe médica medicou os pacientes, tratando a pressão alta do homem e o entubaram para que ele pudesse respirar. Segundo os médicos, eles também administraram antitoxina botulínica, para o de se tratar de um episódio de botulismo. Porém, a recuperação do homem foi bem complicada.
Enquanto ele esteve internado na Unidade de Terapia Intensiva (UTI), o homem desenvolveu pneumonia e seus problemas renais se agravaram. O que acabou exigindo sessões de diálise.
"Eventualmente, a insuficiência respiratória do paciente se resolveu, no entanto, a função renal não se recuperou e o paciente permanece dependente de diálise hoje", escreveram os médicos no relatório do atendimento. "A avó do paciente passou por um curso clínico muito mais benigno e não precisou de tratamento na UTI".