Bariátrica: que “solução” é essa que deixa sequelas em 100% dos casos?

Procedimento completamente invasivo contribui para uma indústria que fomenta o emagrecimento a qualquer custo

cirurgia | Divulgação/SETI
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A busca pelo "corpo perfeito" e a ditadura da magreza têm feito com que muitas pessoas busquem a gastroplastia – conhecida como cirurgia bariátrica, ou cirurgia de redução de estômago – com fins estéticos. Basta fugir um pouco do padrão de beleza considerado ideal pela sociedade que algum parente já pergunta: quando vai fazer bariátrica? Parece até algo normal, como comprar pão ou ir ao mercado. Mas não é. Quer dizer, não deveria ser.

Afinal, nem sempre quem faz esse procedimento está doente. Muitos desses pacientes são apenas gordos - e poderiam viver muito bem mantendo hábitos saudáveis e praticando atividades físicas. Esse é o lugar que me encaixo. Sou gorda, pratico exercícios físicos e todos os meus exames estão bons. Mas, desde pequena, ouço de familiares e até de amigos que a bariátrica "resolveria meu problema". Tem parente que me oferece a cirurgia "de presente" até hoje.

Tudo isso porque, nesta sociedade, gordo não é apenas sinônimo de doença, mas também de coisas negativas como feiura, preguiça, gula, desleixo, etc. Ninguém quer ser gordo e nem estar próximo disso. Sim, em alguns casos o peso pode aumentar o risco de doenças, mas isso não é uma certeza de que irá acontecer. Assim como eu, existem milhares de pessoas gordas que estão a pleno vapor, se alimentando bem, longe do sedentarismo e vivendo uma vida ótima.

Paraná é o estado que mais realiza cirurgia bariátrica pelo Sistema Único de Saúde (SUS) no Brasil. (Foto: Divulgação-SETI)

A magreza, por sua vez, é vista como sinônimo de sucesso. É como se todo gordo fosse doente e todo magro, saudável, feliz e bem resolvido. Quem foge desse padrão de beleza, como eu, acaba sofrendo pressões em diversos âmbitos, inclusive no que tange a saúde mental. Não à toa, 96% da população ocidental feminina está insatisfeita com o corpo que tem, segundo dados da StrategyOnen.

Num mundo em que o corpo magro está estampado e é glorificado nas capas de revistas, televisão, propagandas, redes sociais, etc, difícil é não fazer parte dessa percentagem. Por isso, entendo completamente quem é gordo buscar o emagrecimento por questões estéticas. 

Sofrer gordofobia, ser vítima de violências físicas e psicológicas e ter direitos cerceados diariamente não é nada fácil. Digo por experiência própria. Já me peguei diversas vezes quando mais jovem cogitando em fazer bariátrica para deixar de sofrer preconceito.

Mas sempre achei inadmissível a forma que a cirurgia bariátrica é ‘vendida’ pela sociedade e por médicos como a única solução possível para conquistar o tão sonhado corpo magro. Ela é comercializada como solução prática e rápida. Mas não é. Pode, inclusive, matar. Recentemente, uma militante contra gordofobia ficou na UTI por consequência de uma bariátrica.

Ao cortar um pedaço de um órgão dos operados, a cirurgia é um procedimento completamente invasivo que contribui para essa indústria que fomenta o emagrecimento a qualquer custo.

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