Na manhã de 2 outubro de 2016, Nelson Rodrigues da Silva acordou e se viu "tetraplégico". No entanto, o que o biólogo não sabia é que eram os primeiros sintomas da síndrome de Guillain-Barré que o paralisavam da cabeça aos pés. Atualmente, após 27 meses de uma lenta recuperação, a última conquista do morador de Sorocaba (SP) foi pedalar em uma bicicleta.
"É uma sensação de liberdade. Voltar a pedalar é tão emocionante quanto andar. Comecei a fazer bike com encosto na academia e com o tempo fui vendo que tinha equilíbrio", disse.
Quando deu entrada na UTI, o biólogo estava com 73 quilos. Saiu com 42 e se locomovendo com a ajuda de uma cadeira de rodas. Em casa, durante o tratamento, o paulista de 29 anos dependia de outras pessoas para beber água ou até mesmo ir ao banheiro.
O peso corporal voltou a ser o mesmo com visitas diárias à academia. Aos poucos, o controle sobre os membros foi retomando, assim como a esperança em superar de vez a misteriosa doença que deixa vítimas fatais pelo país.
"Eu estava psicologicamente abalado e foi incrível quando cheguei em casa e comecei a engordar. Hoje, mesmo com muita dificuldade, meu corpo está respondendo muito bem e só levei dois tombos de bike, mas faz parte", brinca.
A doença surgiu durante os trabalhos de coleta de informações para o doutorado, em Maceió (AL). Nelson foi ao médico nos dias seguintes e chegou a apresentar melhora. Ele aproveitou a oportunidade para voltar a Sorocaba e, ainda no aeroporto, se deparou com as pernas travadas.
Silenciosa, a doença começou a afetar os membros inferiores durante a madrugada. A família logo procurou ajuda médica quando o corpo já não correspondia aos comandos.
Debilitado, mas podendo se comunicar, ele foi até uma clínica particular sem saber o que tinha. O médico fez três perguntas e alertou: "você está com a síndrome de Guillain-Barré".
Ele foi internado e passou 31 dias no hospital, sendo cinco na Unidade de Tratamento Intensivo (UTI).
Segundo a Vigilância Epidemiológica de Sorocaba, a Síndrome de Guillain-Barré ocorre quando o próprio sistema de defesa do corpo ataca os nervos periféricos. Porém, existe tratamento.
Até o momento, não existe estatística brasileira sobre a ocorrência de casos da síndrome, segundo a Secretaria Estadual de Saúde.