Um ano depois que a França iniciou o seu primeiro "lockdown" devido a Covid-19, um pequeno grupo de voluntários entrou em um confinamento mais radical na contenção do vírus: seis semanas isolados em uma caverna, sem noção de tempo, para estudar os efeitos do isolamento agudo. O grupo de 15 pessoas, entre homens e mulheres, está desde o último domingo (14), vivendo na vasta caverna de Lombrives, nas montanhas dos Pireneus, ao sul de Toulouse, França.
O experimento foi chamado de "Deep Time" (Tempo Profundo), liderado pelo explorador franco-suíço Christian Clot, que acompanha os voluntários. Por 40 dias a casa do grupo será um complexo cavernoso abaixo da superfície da Terra, privado de telefones, relógios ou luz natural. Mas eles têm suas próprias tendas para um mínimo de privacidade.
"Três espaços separados foram montados: um para dormir, um para morar e outro para fazer estudos de topografia, em particular para fauna e flora", disse Clot algumas horas antes de entrar na caverna, de acordo com a NDTV.
O principal objeto de estudo, porém, serão os sete homens e sete mulheres, com idades entre 27 e 50 anos, além de Clot, que devem se adaptar a uma temperatura constante de 12 graus Celsius e 95% de umidade na caverna.
Eles foram equipados com sensores para permitir o monitoramento por cientistas do lado de fora na esperança de aprender como os humanos respondem sem os referenciais espaço-temporais usuais.
"Este experimento é o primeiro do tipo", disse Etienne Koechlin, diretor do Departamento de Neurociências Cognitivas da Ecole Normale Superieur, em Paris, que faz parte da equipe de monitoramento. "Até agora, esse tipo de missão tinha como objetivo estudar os ritmos fisiológicos do corpo, mas nunca o impacto desse tipo de desconexão do tempo nas funções cognitivas e emocionais de um ser humano", acrescentou.