Brasileira fica entre os 100 escolhidos que podem ir a Marte

Sandra explica que a saudade da família será resolvida por um link de comunicação, porém, com um atraso de 17 minutos entre as conversas

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A professora Sandra Maria Feliciano Silva, de 51 anos, foi a única brasileira escolhida entre mais de 200 mil candidatos a participar da última fase de seleção do projeto que pretende levar 20 pessoas para uma viagem ao planeta Marte. Junto com Sandra estão outras 99 pessoas que a companhia holandesa Mars One considera serem as mais preparadas para um eventual projeto de colonização do planeta. Obcecada por ficção-científica e incentivadora da difusão do conhecimento na cidade em que vive hoje, Porto Velho (RO), Sandra é autora de um livro que trata exatamente de viagens espaciais.
Batizado de “Os Antigos”, o livro escrito por Sandra e publicado pela editora Lexia conta a saga de um psicopata serial killer, envolvendo inteligência artificial e as teorias sobre seres extraterrestres que teriam colonizado a Terra em um passado remoto. Antes de se tornar ela própria potencial colonizadora de um planeta distante, o maior sonho de Sandra era ver seu livro ser publicado nos Estados Unidos.

Enquanto não é escolhida como uma das primeiras humanas a visitar o Planeta Vermelho, Sandra dá aulas para adolescentes em uma escola estadual de Porto Velho e para jovens estudantes de Direito e Administração na Universidade Federal de Rondônia. A professora é formada em Direito e em Administração, com especialização em Segurança Pública, Política e Estratégia e Banco de dados.

Foram os interesses pessoais, no entanto, que parecem ter ajudado a chegar perto de se tornar uma astronauta. Sandra estuda e pesquisa os campos de ciência, história, arqueologia, astronomia, física, química e biologia. Em entrevista ao News Rondônia, um site noticioso de Porto Velho, Sandra contou que chegou a ser chamada de "maluca suicida" por tentar ser uma das primeiras mulheres a viajar para Marte. Quando ficou entre os mil selecionados, a professora lamentou o fato de seu feito não ter sido comemorado no País.

Além de ter sonhos espaciais, Sandra é uma defensora do meio ambiente e acredita que o planeta está cada vez mais perto de atingir um ponto de saturação. Para ela, a solução é encontrar outro planeta para a raça humana. “Estamos num planeta que a gente está consumindo 25% de recurso a mais do que deveria consumir por ano. Sete bilhões de pessoas, você acha que as pessoas vão parar de consumir? Não! Então tem que ir pra outro lugar. O que está sendo feito agora não é para se ver o resultado daqui a cinco ou dez anos. O processo terra/formação de Marte deve envolver no mínimo 300 anos. É muito tempo, mas, se não começar agora, não vai acontecer nunca”, declarou. A professora também compara a missão de colonizar o espaço aos navegadores que atravessavam o oceano inóspito, em pequenas caravelas.

Em Porto Velho, além de liderar o Clube da Ciência local, Sandra coordena o projeto “Racha Cuca”, aberto à comunidade para estimular o raciocínio lógico de estudantes do Ensino Médio e a “Oficina de Inclusão Digital para Idosos”, que atendeu participantes com idade entre 60 e 81 anos.

Sandra não é casada nem tem filhos. O incentivo, segundo afirmou, vem do pai, que acha "sensacional" a ideia da viagem. A preocupação fica com a mãe, disse ela, que conta ouvir durante o café da manhã: “Você não vai para Marte, entendeu?”, e diz se sentir como uma adolescente proibida pelos pais de sair a noite.

Sandra explica que a saudade da família será resolvida por um link de comunicação, porém, com um atraso de 17 minutos entre as conversas.

Colonizando Marte

Sandra Maria integra um grupo com 50 homens e 50 mulheres que passaram com sucesso a segunda rodada do projeto Mars One. Os candidatos vêm de todo o mundo; são 39 das Américas, 31 da Europa, 16 da Ásia, sete da África, e sete da Oceania. Quando o projeto foi lançado, foram 200 mil inscrições. Sandra passou pelas primeiras seleções mesmo com nível básico de inglês, que ela agora corre contra o tempo para aprimorar.

Na próxima etapa do projeto Mars One serão selecionadas 40 pessoas e treinadas pelo período de oito anos. Ao final, 10 casais serão formados e enviados para Marte. A viagem acontece em partes.

Em 2016 serão enviados o satélite de comunicação e rovers para fazer a exploração do local onde se instala a colônia. Entre 2018 e 2020 serão enviados os diversos módulos contendo alimentação, água, oxigênio, painéis fotovoltáicos e o resto do equipamento. Os rovers irão montar parte dessas estruturas. Em 2022 sairão os casulos, que serão também os habitats, com aproximadamente 52m² para cada casal. O módulo contém quarto, sala, banheiro, aérea de hidroponia, higiene. Ao pousar no planeta vermelho esses módulos serão enterrados para impedir a incidência de radiação dentro dos habitats. Os módulos já estão sendo testados na Terra, informa Sandra.

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