O município baiano de Camaçari é o melhor do País para se investir no setor industrial, segundo a pesquisa “Melhores Cidades para Fazer Negócios 2.0”, da Urban Systems, publicada em dezembro.
Camaçari é responsável por R$ 1 em cada R$ 5 em riquezas produzidas pela indústria baiana. Da cidade saem quase 30% de tudo o que a Bahia exporta e, aproximadamente, 10% da arrecadação estadual, diz o estudo. Esses e outros fatores levaram o município ao posto de destaque, como a melhor cidade brasileira para se fazer negócios na indústria.
Vladson Menezes, superintendente da Federação das Indústrias do Estado da Bahia (FIEB), comemora o desempenho da indústria local no ranking. “Ser considerada a cidade mais atrativa para investimentos industriais, obviamente, é muito importante. Mostra que por estar bem posicionada e ser a primeira colocada, tem boa possibilidade de atração de investimentos”, destaca.
Nem mesmo o fechamento de uma grande fábrica automotiva na cidade, anunciado recentemente, desanima Menezes. “A cidade sofreu com a saída da Ford, está sofrendo, mas tem todo um ambiente que permite a reversão desse quadro”, acredita.
Marcas do sucesso
Motivos para isso não faltam, afinal, a pesquisa destaca alguns índices que explicam porque o setor industrial de Camaçari é tão atrativo para investimentos. Cerca de 32% dos empregos da Indústria de Transformação, por exemplo, possuem rendimento superior a cinco salários mínimos.
O município também está bem localizado, faz parte da Região Metropolitana de Salvador, e fica próximo do Aeroporto Internacional da capital baiana, do Porto, e de rodovias, o que permite o escoamento da produção com muita facilidade. O setor também está em crescimento. Em 2019, por exemplo, 26 novos estabelecimentos começaram a funcionar.
Menezes destaca, também, a diversidade produtiva do município, a infraestrutura de apoio e a mão de obra qualificada como fatores que contribuem para a ótima colocação. “Tudo isso já mostra essa densidade industrial e o potencial de Camaçari para atração de negócios”, avalia. Ele ressalta também o papel da própria FIEB no resultado.
“Há um conjunto de ações no sentido de reforçar a competitividade do município. Tem uma ação geral do Sesi, do IEL, em áreas como educação, saúde e segurança do trabalho, desenvolvimento de carreiras e desenvolvimento empresarial”, cita.
Estudo
O estudo das 100 Melhores Cidades para Fazer Negócios é publicado pela Urban Systems anualmente, desde 2014. Até 2019, a metodologia para elaboração do ranking teve poucas alterações. A pesquisa apresentava uma lista única das melhores cidades para se investir, considerando quatro eixos: desenvolvimento econômico e social, capital humano e infraestrutura.
No entanto, com o impacto do novo coronavírus e a intenção de manter o estudo atual e renovado, a publicação de 2020 está de cara nova e aposta em um olhar mais segmentado das melhores cidades para negócios, levando em conta os resultados para seis setores da economia: indústria, comércio, serviços, educação, mercado imobiliário e agropecuária. A pesquisa analisou dados e indicadores de 326 municípios brasileiros, todos com mais de 100 mil habitantes.
Diretor de marketing da Urban Systems e responsável pelo estudo, Willian Rigon, diz que o estudo vai ajudar os investidores, empresários e a iniciativa privada, em geral, na tomada de decisões sobre quais especialidades de cada município podem ser melhor exploradas. “O estudo é importante nesse momento de pandemia, em que é necessário que se mantenham os investimentos, mas [aportes] assertivos, que possam ter sustentabilidade econômica. O objetivo dele no período pré, durante e pós-pandemia é direcionar em relação aos novos negócios, empresas e empreendedores”, afirma.
Segundo Rigon, apesar de cada município ter as suas peculiaridades, há pontos em comum às melhores cidades para fazer negócios, que podem ser observados. “É importante ter um ambiente favorável, ter mão de obra qualificada e uma gestão pública eficiente. Se a gente pudesse apontar três pontos específicos, são essas as características comuns às cidades melhores posicionadas”, cita.
Metodologia
Para chegar ao ranking, o estudo utiliza oito indicadores como base para todos os municípios. Eles estão atrelados ao impacto do novo coronavírus na saúde da população e na economia, além do desempenho econômico das cidades em aspectos como empregabilidade. Além disso, para cada setor, como o de serviços, por exemplo, são utilizados indicadores específicos para atribuir pontuação a cada cidade. (Fonte: Brasil61)