Cientista usam DNA para recriar mulher que viveu há 3,8 mil anos

Esses trabalhos normalmente são realizados com base nas estruturas ósseas dos personagens cujas aparências são recriadas, bem como em informações obtidas em documentos históricos, quando esses existem, através de todo tipo de exame e levantamento de dados.

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Você já deve ter visto reconstruções que mostram a aparência de indivíduos que viveram há milhares de anos, incluindo alguns a de faraós e reis famosos, de neandertais e até de antigos ancestrais humanos – e nós do Mega Curioso já compartilhamos diversa matérias sobre o assunto por aqui.

Esses trabalhos normalmente são realizados com base nas estruturas ósseas dos personagens cujas aparências são recriadas, bem como em informações obtidas em documentos históricos, quando esses existem, através de todo tipo de exame e levantamento de dados. Mas a reconstrução que você verá a seguir foi concluída de uma forma diferente.

Rosto decodificado

O rosto abaixo é o de uma mulher que viveu no Japão entre 3,5 mil e 3,8 mil anos atrás, integrante da cultura Jomon, a primeira a se estabelecer no arquipélago japonês, entre os anos 10,5 mil a.C. e 300 a.C., e foi recriado por meio da análise de amostras de DNA obtidos a partir de um dente – coletado de um fragmento de crânio descoberto na Ilha de Rebun, que fica no litoral de Hokkaido, situada ao norte do território japonês. Veja:

(Reprodução / IFLScience! / National Museum of Nature and Science)

Segundo Tom Hale, do site IFLScience!, o sequenciamento genético foi conduzido por um time de cientistas do Museu de Natureza e Ciência de Tóquio e o exame revelou que a aparência dos japoneses há milhares de anos era bem diferente da da população atual. Pelo menos no caso da mulher cujo crânio foi encontrado em Rebun, ela tinha os cabelos mais finos e ondulados e tom de pele mais escuro do que os dos japoneses modernos, assim como sardas, manchas de sol e olhos castanhos.

Além disso, a análise do material genético revelou que a mulher – e possivelmente outros integrantes da mesma cultura – eram capazes de digerir e metabolizar alimentos com alto conteúdo de gordura sem problemas, tal como pode ser observado em populações que hoje habitam regiões do Ártico e que baseiam parte de suas dietas no consumo da carne de animais como focas, baleias e morsas.

(Reprodução / Archeology / National Museum of Nature and Science)

O exame do DNA também mostrou que a mulher tinha alta tolerância ao álcool, característica incomum nas populações asiáticas atuais, e que ela produzia cera de ouvido alaranjada, outro traço que raramente é observado nos habitantes da Ásia – que em sua grande maioria produzem uma cera esbranquiçada e quebradiça, semelhante a flocos.

Esses detalhes todos ajudaram os cientistas não só a recriar a aparência da mulher, mas também a determinar que os integrantes da cultura Jomon tinham o DNA mais parecido ao de povos da península coreana, indígenas tailandeses e pessoas do extremo oriente russo, em vez dos nipônicos. Ainda sobre a população Jomon, ela floresceu no arquipélago japonês ao final da última Era do Gelo, sobrevivia graças à caça, pesca e coleta de alimentos, chegou a estabelecer alguns vilarejos e comunidades e o período em que essa cultura existiu marcou o surgimento da cerâmica e de utensílios de pedra no Japão.

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