Centenas de milhares de pessoas morrem todos os anos em decorrência da malária, e o tipo pesquisado pelos estudiosos (Plasmodium falciparum) é responsável pela maioria dos casos.
Grandes primatas africanos foram os hospedeiros originais do parasita. Mas os cientistas descobriram que uma mutação genética ocorrida 50 mil anos atrás se transformou em uma ameaça aos humanos.
Picadas de mosquitos
Os achados, divulgados na publicação PLoS Biology, poderão ajudar o desenvolvimento de novas maneiras de combater a malária, afirma o Instituto Wellcome Sanger.
A malária é causada por um parasita que entra na corrente sanguínea depois da picada de um mosquito infectado em um humano ou em outros animais. Há diversas cepas do parasita, e um dos mais releventes, que afeta apenas humanos, é o Plasmodium falciparum.
Ela mudou de hospedeiros na mesma época da primeira migração de humanos para fora da África, entre 40 mil e 60 mil anos atrás.
Os pesquisadores analisaram as mudanças genéticas de diferentes tipos ancestrais do parasita, focando em particular o gene chamado rh5 — um peça vital do código do DNA que permite à malária infectar hemácias humanas.
Esse alvo é importante para os profissionais de saúde que atuam no desenvolvimento de vacinas contra a malária.
Pesquisadores acreditam que há milhares de anos dois tipos de malária co-infectaram um gorila e trocaram material genético entre si.
O Plasmodium falciparum absorveu o gene rh5. "Este raro evento levou a muitas mortes de humanos", afirmou o pesquisador que liderou o estudo, Gavin Wright.
"O rh5 é atualmente um importante candidato para uma vacina contra a malária. Então, se tivermos mais informações sobre esse gene, isso pode ajudar o combate à doença."
Para ele, teoricamente há poucas chances de novas mutações em breve.
Quase metade da população mundial vive sob risco de malária. A maioria dos casos registrados e das mortes são com crianças da África Subsaariana, causada pelo Plasmodium falciparum.