No último dia 26 de julho, a Organização Mundial da Saúde (OMS) se posicionou contra as técnicas de alterações genéticas em humanos, tais como a CRISPR, feita pelo chinês He Jiankui, responsável por modificar genes de embriões humanos em 2018.
Simultaneamente a esse debate, cientistas espanhóis conseguiram criar, na China, um ser híbrido de humano e macaco. No estudo, liderado pelo pesquisador Juan Carlos Izpisúa, os estudiosos modificaram embriões de macaco e injetaram células humanas capazes de gerar qualquer tipo de tecido.
Com isso, foi criada uma quimera científica, nome dado à combinação de pelo menos dois conjuntos de DNA. Na mitologia grega, quimeras são criaturas com cabeça de leão, corpo de cabra e rabo de serpente. No caso do experimento, o resultado foi uma quimera de macaco, mas ela não chegou a nascer, pois os pesquisadores interromperam a gestação.
Izpisúa e sua equipe já tinham criado, em 2017, embriões de quimeras de camundongos com ratos. Na ocasião foi usada a técnica CRISPR para desativar genes de embriões de camundongo importantes para o desenvolvimento de coração, olhos e pâncreas. Depois, foram introduzidas células-tronco de rato, capazes de gerar esses órgãos.
Em entrevista ao jornal El País, Estrella Núñez, bióloga e vice-reitora de pesquisa da Universidade Católica de Murcia (UCAM), considerou o experimento importante para que animais de outras espécies possam virar, no futuro, “fábricas” de órgãos para transplantes.
Por outro lado, o médico Ángel Raya, diretor do Centro de Medicina Regenerativa de Barcelona, alertou para a questão ética que envolve a criação de quimeras. “O que acontece se as células-tronco escapam e formam neurônios humanos no cérebro do animal? Terá consciência?", disse.