Um dente de mamute que vagou pela estepe siberiana há mais de um milhão de anos foi a fonte do sequenciamento de DNA mais antigo do mundo. É a primeira vez que se recupera DNA de animais com mais de um milhão de anos. Anteriormente, a amostra mais antiga era a de um cavalo que viveu entre 560 mil e 780 mil anos atrás.
As informações recuperadas deste gigante da Era do Gelo revelam como os mamutes evoluíram e se adaptaram à vida em um clima frio, além mostrar uma espécie de mamute até então desconhecida.
“É um DNA incrivelmente antigo. As amostras são mil vezes mais antigas do que os vestígios de Vikings e são anteriores até à existência de humanos e neandertais”, afirmou Love Dalen, que é professor de genética evolutiva do Centro de Paleogenética em Estocolmo.
Na verdade, a análise não é de um mamute apenas. A equipe internacional de pesquisadores foi capaz de isolar DNA de molares de três mamutes separados coletados do permafrost siberiano na década de 1970. Eles dataram os dentes usando dados geológicos e analisando o DNA. A pesquisa foi publicada na revista Nature na quarta-feira (17).
O dente de mamute mais antigo datava de 1,2 milhão a 1,65 milhão de anos atrás. O amplo espectro de datas se explica pelos métodos usados pelos cientistas. Para chegar na estimativa da data mais recente (1,2 milhão de anos), usou-se um método conhecido como bioestratigrafia, no qual cientistas avaliam a presença de pequenos roedores de espécies que só existiam durante determinadas eras, encontrados nas camadas de sedimentos.
Eles também mediram o paleomagnetismo de rocha e sedimentos no local. Usando a orientação do campo magnético da Terra, que muda ao longo do tempo e deixa vestígios de minerais magnéticos na rocha, o método determina as idades dos fósseis e rochas. Já a estimativa mais antiga (1,65 milhão de anos) vem do genoma que os pesquisadores recuperaram.
“Pode haver vários motivos pelos quais essas estimativas diferem. Por exemplo, talvez o espécime de Krestovka originalmente venha de uma camada mais antiga, mas em algum ponto o solo sofreu erosão e os restos foram reassentados em uma camada mais nova”, disse Dalen.
“Outra alternativa, e mais provável em nossa opinião, é que a nossa taxa de relógio molecular estimada está um pouco errada”, afirmou, sugerindo que fixar uma data não é uma ciência exata.
“De qualquer forma, esses dois tipos de análises de datação mostram uma idade de mais de 1 milhão de anos”.