Há 18 anos, a alemã Heidemarie Schwermer se separou do marido e levou seus filhos para morar na cidade de Dortmund, na área rural da Alemanha. Professora e psicoterapeuta, ela logo começou a perceber e a se incomodar com a grande quantidade de pessoas sem-teto na região e decidiu fazer algo por elas.
Ao entender que, sem dinheiro ou posses, essas pessoas valiam apenas o serviço que se dispõem a fazer, ela criou a Tauschring Gib und Nimm, um local de livre acesso onde pessoas poderiam trocar objetos e serviços sem que nem uma moeda fosse necessária – roupas usadas poderiam ser trocadas por um serviço de encanador, por exemplo.
O projeto foi crescendo aos poucos, mas Heidemarie viu que os sem-teto, para quem ela pensou o lugar, não o frequentavam. Foi então que descobriu o motivo: ela era uma mulher de classe média e educada, características com as quais eles não se sentiam à vontade. Com toda essa situação em mente, a professora começou a questionar seu próprio estilo de vida e chegou à conclusão de que, assim como os sem-teto, ela não precisava de posses para viver feliz.
Assim que seus filhos saíram de casa para iniciar uma vida universitária em outras cidades, ela tratou de vender a propriedade, pedir demissão de seu emprego de professora e doar todo o seu dinheiro para instituições de caridade, com exceção de 200 euros (cerca de R$ 650), um fundo guardado no banco para caso de emergência.
Heidemarie embarcou em uma jornada: ela iria passar 1 ano sem ganhar ou gastar nem um centavo. Hospedagem, alimentação, roupas e tudo o que precisasse seria trocado por serviços, como lavar pratos, costurar e ensinar. A experiência foi tão positiva que, depois de todos esses anos, ela ainda não quer saber de ver dinheiro pela frente. Sua intensa mudança de vida é tema de três livros escritos por ela e de um documentário chamado “Living Without Money“ (“Vivendo sem Dinheiro”, em português).
Como ela mesma afirma, “o dinheiro nos distrai do que é realmente importante“.