Michaela Armer, de 47 anos, sofre de uma condição rara: todos os dias, ela acorda com um sotaque diferente. A complicação a atinge há cerca de dois anos, e após perder as marcas linguísticas de Lancashire, sua região natal na Inglaterra, a britânica alega ser alvo de diversos episódios de racismo.
Segundo o portal “Daily Mail”, suas palavras podem admitir as pronúncias chinesa, filipina, sul africana, italiana, polonesa ou francesa, tudo por conta da chamada “Síndrome do Sotaque Estrangeiro”, uma rara doença que danifica as partes do cérebro responsáveis por controlar a linguagem.
Tal condição começou a se manifestar em meados de maio de 2015, quando a britânica realizou uma ressonância magnética de rotina. “Duas semanas depois do procedimento, eu comecei a perceber que estava falando errado. Ao invés de falar ‘sachês de chá’ eu falava ‘chás de sachê’”, explicou ao mesmo site.
Além das alterações linguísticas, a síndrome também agravou seu quadro de enxaqueca e afetou algumas de suas funções motoras . Muitas vezes, ela precisa da ajuda de uma cadeira de rodas para se locomover e, agora, só consegue dirigir carros automáticos. Como consequência, a mulher, que é mãe de dois filhos, teve de abandonar seu emprego, trocar de veículo e mudar de casa, pois as escadas de sua antiga residência eram um grande obstáculo.
Por mais que Armer acredite que o exame foi o responsável pelo desenvolvimento da condição, ela já visitou diversos médicos nos últimos dois anos e, até agora, nenhum deles conseguiu determinar os fatores causadores do problema. Seu próximo passo é consultar especialistas em Edimburgo, capital da Escócia, em busca de respostas e soluções.
Xenofobia
Ela também contou que, desde 2015, já passou por vários casos de racismo por causa da sua fala. Dentre os diversos episódios que enumerou, se destaca a vez em que estava no supermercado e uma pessoa falou “esses poloneses estão em todos os lugares”, depois de escutá-la falar com uma pronúncia que se assemelha à fala no país do leste europeu.
Além disso, ela também já recebeu trotes ridicularizando as marcas chinesas em seu discurso e é constantemente desacreditada quando explica que é da Inglaterra. “As pessoas podem ser terríveis, e na minha opinião, sofro de xenofobia quando elas não acreditam que eu sou britânica”, declarou ao “Daily Mail”.
Para a mulher, tais situações deixam claro como parte de sua identidade foi afetada pela condição e, agora, tudo o que ela quer é poder voltar a falar com o seu sotaque de Lancashire.