De acordo com a Associação Brasileira de Halitose, 50 milhões de brasileiros sofrem com o mau hálito. Um importante aliado da saúde bucal vem provando o seu valor: o óleo de melaleuca foi objeto de um recente estudo da Unicamp que comprovou que a substância é eficaz no combate às causas do mau hálito.
A melaleuca é uma planta de origem australiana. Seu uso medicinal caiu no gosto popular, sendo, inclusive, adotada por populares e por fitoterapeutas para promover a saúde bucal e, entre outras, combater a caspa e a acne. Porém, ainda falta respaldo científico para todas as suas funcionalidades - é importante destacar que o estudo da Unicamp analisou apenas a relação do óleo quanto ao mau hálito.
De onde vem o mau hálito?
Segundo os especialistas, 90% dos casos de mau hálito têm origem oral. "O mau hálito oral está relacionado, na maioria das vezes, a compostos de sulforatos voláteis, produzidos a base de enxofre por algumas bactérias encontradas na cavidade oral. Elas conseguem metabolizar a matéria orgânica que fica acumulada na boca e produzem esses compostos responsáveis pelo mau cheiro", explica Talita Signoretti Graziano, bióloga com mestrado em Odontologia e aluna do doutorado do programa de Biologia Buco-Dental que conduziu o estudo sob orientação da professora Karina Congo na FOP-Unicamp.
Entre as doenças que promovem o aumento das bactérias causadoras do mau hálito, Talita destacou a gengivite como sendo uma das mais frequentes. Também conhecida como doença periodontal, ela causa a inflamação da gengiva pelo acúmulo de placa bacteriana e restos de comida.
Como foi realizada a pesquisa
A pesquisa realizada por Talita selecionou duas bactérias associadas à doença periodontal e responsáveis pela halitose. "O diferencial da nossa pesquisa é que, além de verificar se o óleo tinha alguma atividade contra essas bactérias específicas, fosse inibindo a ação ou matando, avaliamos também o efeito quanto à produção dos compostos de sulforatos volatéis", conta a pesquisadora.
No estudo, a equipe adotou o óleo de melaleuca comercial em experimentos in vitro, ou seja, realizados em laboratório sem a participação de sistemas vivos.
"Constatamos que o óleo é capaz, dependendo da concentração, de inibir o crescimento ou matar esses microorganismos. Além disso, verificamos que mesmo em níveis muito baixos, ele consegue reduzir a produção desses compostos", relata Talita. Embora ainda não haja uma perspectiva quanto a datas, o próximo passo é que seja realizado um estudo clínico da aplicação do óleo de melaleuca.
É o fim do mau hálito com o óleo de melaleuca?
Segundo Talita, o uso do óleo de memaleuca hoje não substitui o tratamento convencional: "Já há diversos estudos que mostram a atividade antimicrobiana da melaleuca e, inclusive já há alguns produtos comerciais com o óleo puro ou em enxaguantes bucais. O uso, desde que acompanhado por um profissional da saúde e usado como um complemento de um tratamento tradicional pode melhorar o quadro de mau hálito significativamente. A realização de estudos clínicos reforçam essa perspectiva de uso".